Por Gazeta
Até pouco tempo, os governos utilizavam-se das mídias tradicionais (Rádio, TV e Imprensa Escrita) para comunicados oficiais e outros tipos de declarações através de notas ou entrevistas. Ocorre que essas mídias, muitas vezes, não publicavam os textos na íntegra, como haviam sido concebidos, não os publicavam, ou publicavam com comentários, o que nunca foi lá muito do agrado de políticos com ou sem mandato que desejavam única e exclusivamente que fosse publicada a “sua verdade”, algo bem distinto que é o dever da imprensa e dos veículos sérios, comprometidos em publicar fatos reais. Diga-se de passagem: até os mais flexíveis não o faziam por ter outro tipo de interesse ou não concordar com a opinião emitida.
O advento das mídias sociais entretanto, abriu um campo fértil pra publicações de boatos e mentiras que são contestadas por contraboatos e contramentiras e deixam os usuários dessas redes a mercê desse tipo de desinformação que, se não chega a ser “Fake News”, podem muito bem ser consideradas verdades descontextualizadas ou distorcidas as quais se dá interpretação diferente do fato real que têm a função de fazer com que as pessoas passem a acreditar naquilo que é de interesse ou conveniência dos “poderosos de plantão”.
Donald Trump elegeu-se presidente dos Estados Unidos tecendo uma teia de mentiras e contrainformação, gerada por sites criados e dirigidos por jornalistas simpáticos ao seu discurso (boa parte de direita) além de seus canais pessoais. A esquerda americana contra atacou com as mesmas armas, porém com menor poder de fogo, acabou derrotada nas eleições e luta hoje para contrapor o poderio da cavalaria eletrônica de Trump. Enquanto isso, jornais tradicionais vão mudando de mãos face ao poder econômico e também já não são tão confiáveis.
Até nosso presidente, que tem o truculento presidente americano como mentor, tenta copiá-lo, dividindo imprensa tradicional entre “amigos” e “inimigos”, além de fazer uso indiscriminado (e até indisciplinado) das redes sociais. Jair Bolsonaro no entanto, está bem atrás do mestre. Segundo a revista “Jornalismo ESPM”, Bolsonaro emitiu uma mentira por dia em média nos três primeiros meses de mandato, enquanto Trump proferiu, em 27 meses, 11 mentiras diárias. Como disse o escritor e filósofo Italiano Umberto Eco, “A internet deu voz aos idiotas”, e eu complemento: e aos espertalhões.