Saulo Benevides critica Câmara após ter contas rejeitadas: “foi um julgamento político”

Saulo mostrou desagravo a decisão da Câmara

Após adiamento com certo tumulto na última sessão, a Câmara de Ribeirão Pires enfim votou o parecer do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo que rejeitou as contas referentes a 2014 do ex-prefeito Saulo Benevides (sem partido) por 12 votos, dos vereadores Paixão (PPS), Carlinhos Trindade (PPS), Arnaldo Sapateiro (PSB), Rubão (PSD), Silvino Castro (PRB), Amigão D’Orto (PTC), Amaury Dias (PV), Anselmo Martins (PR), Edmar Aerocar (PV), Danilo da Casa de Sopa (PSB),  Rogério Luiz (PSB) e Rato Teixeira (PTB), contra 4 que as aprovaram, Paulo César Ferreira (PMDB), João Lessa (PSDB), Banha (PPS) e Gê do Aliança (PSC), além de uma abstenção do vereador Zé Nelson (PMDB). A votação deixa Saulo como “ficha suja”, portanto inelegível por oito anos.

Em entrevista exclusiva ao Mais Notícias, o ex-prefeito lamentou a decisão da Câmara Municipal: “Eu entendo que foi um julgamento político, o mesmo problema do Clóvis (Volpi, também ex-prefeito) foi o meu. Não entendo porque as minhas contas foram rejeitadas e as dele não. Foram dois pesos e duas medidas por alguns dos vereadores”, comentou o ex-prefeito, antes de explicar: “O Clóvis pegou o início da crise econômica do pais, em 2012, e eu o pior momento. O Tribunal de Contas apontou queda de receita, uma situação de força maior. Tanto é verdade que foi tirado o dolo (culpa proposital). Todas as exigências constitucionais eu cumpri. Educação com 25% (do orçamento investido), até mais, tanto que era uma das melhores da região. Na Saúde, cumpri. De 15% que a lei obriga, passou de 20%. A dotação de pessoal, que é o que o tribunal mais persegue, peguei com 57% e deixei com 51% mesmo com queda de receita, o que automaticamente interfere no valor que pode ser dispendido. E consegui, porque tomei medidas como a diminuição do salário de prefeito, vice e funcionários comissionados”.

Saulo reitera que a análise deveria ter levado em consideração a situação do país: “Penso que os vereadores deveriam ter usado o bom senso, porque governamos na crise. Muitos dos que estavam lá tinham certa obrigação de votar (a favor da aprovação) porque eram da nossa base de sustentação, como o próprio Silvino Castro (PRB), o Arnaldo Sapateiro (PSB), o Paixão (PPS). Muitas vezes eu os atendi em situações em que não tínhamos condição, como pedido de (vagas em) creche. E quando você põe uma criança na creche, aumenta a despesa. Eles não levaram em consideração nada disso, o esforço que fizemos na crise para atender aos pedidos deles e da população. Então entendo que foi um julgamento político, ainda mais porque há menos de um mês liberaram as contas do Clóvis”.

Para detalhar a situação, o ex-prefeito chegou a se reunir pessoalmente com a Câmara: “estive lá, expliquei, mostrei que não havia nenhum apontamento grave, foi (resultado da) queda de receita. Mas é preciso ver também o que foi positivo na gestão”, disse, antes de lembrar que lutou por recursos que têm trazido avanços a cidade: “Cortar faixa de obra é fácil. O difícil é garantir os recursos. Essas obras que estão em andamento são minhas. São do meu governo. Eu contei 11. É preciso ver os prós e os contras. Mas quando você sai do poder, é difícil. Infelizmente, votaram contra”.

Saulo Benevides conclui negando intenção de ir à justiça para tentar reverter a decisão e deixando claro que, em sua opinião, o julgamento sobre sua gestão deveria ter sido feito pelos eleitores: “sinceramente, já não pretendia mais concorrer (a cargos eletivos). Prefiro ficar nos bastidores. Acho que fizemos o melhor possível e percebi que a ingratidão é muito grande. Na eleição passada, não fui candidato, apoiei o Dedé, mas esperava o julgamento pelas urnas. Hoje mesmo um cidadão me perguntou se eu ia voltar que fui o que mais fiz pelo bairro. Ele ainda falou da imprensa, que fui injustiçado por alguns jornais. Mas paciência. Por isso entendo que o julgamento teria que ser feito pela população. Mas enfim, bola para frente”.

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