Elzinha: uma lutadora em prol dos direitos da população negra

Elzinha

Elza da Silva Carlos, a Professora Elzinha, é uma das mais atuantes militantes da causa negra da região. Ex-vereadora e autora da lei 4653/2002 que estabeleceu o feriado do Dia da Consciência Negra em Ribeirão Pires, há quase dois ocupa o cargo de secretária de Inclusão e Participação Social. Em entrevista ao Mais Notícias, falou sobre o Dia da Consciência Negra e a luta pelos direitos dos negros no município.

Mais Notícias – A senhora é autora da lei que estabeleceu o Dia da Consciência Negra em Ribeirão Pires. Qual a importância desta data?

Elzinha – É sabido da importante contribuição do povo negro para a formação cultural e social do país, e há uma impressão em nossa sociedade que a desigualdade racial foi superada com o fim da escravidão. Entretanto, há muito o que discutir e avançar quando o assunto é igualdade racial, pois o racismo ainda é o responsável por perpetuar a desigualdade desse importante setor. É importante lembrar que os negros são apenas 10% nas universidades federais mas são 64% da população carcerária. O dia 20 de novembro é uma data que vem reacender o debate sobre a igualdade racial no Brasil, além de uma forma de homenagear as raízes negras na música, no esporte e na cultura.

MN – Como a senhora vê o atendimento e as políticas públicas voltadas à população negra no município e no país?

E- O município tem dado grandes passos para promover políticas públicas para a população negra principalmente na atual gestão. Temos a coordenadoria de igualdade racial que tem como objetivo elaborar políticas de afirmação dentro do município. Além disso, reativamos o Conselho de Igualdade Racial da Cidade, que estava inativo nas gestões passadas e que é uma ferramenta importante de participação da sociedade civil. No Brasil, a população negra conquistou muitos direitos nos últimas décadas como direito à cotas raciais nas universidades e a Lei nº 7.716 contra discriminação racial, entretanto teremos que enfrentar duras lutas que se consolidarão nos próximos anos.

MN – O que é preciso evoluir?

E – A desigualdade racial dentro dos espaços de trabalho ainda são óbvias. Brancos ainda são a maioria em empregos de elite e cargos de chefia e é preciso equilibrar essa balança. A mulher negra ainda é hiper sexualizada por nossa sociedade e os jovens negros sofrem violência e encarceramento em massa. Necessitamos de políticas públicas que coloquem os jovens negros dentro das universidades e que empoderem a mulher negra enquanto dona do próprio corpo e da própria sexualidade.

MN – Por muitos anos, a senhora foi a principal representante do movimento negro na Câmara Municipal. Faça uma breve avaliação de seu trabalho para o combate ao preconceito e a desigualdade.

E- Tenho muito orgulho de ter atuado na cidade sempre ao lado das minorias, ser autora da lei que institui a celebração do feriado da consciência negra em nosso município, além de ter toda a minha vida acadêmica orientada para a pesquisa sobre igualdade racial. Sou autora da tese Fala Preta! Mulheres negras no espaço urbano, origem e memória pela Pontifícia Universidade Católica e estou à frente da Secretaria de Participação e Inclusão Social para criar políticas efetivas para esse setor que tanto precisa.

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