Por Nelson Camargo
Há um ditado popular da nossa língua luso-brasileira que diz que ”a ocasião faz o ladrão,” o que significaria ao pé da letra que toda pessoa é ladra, desde que tenha a oportunidade de efetuar um roubo, um ato de desonestidade, de crime. Na verdade, sob o ponto de vista ético, isso é um contrassenso, pois vai contra um princípio fundamental da natureza humana, ou seja, “não tirar do próximo aquilo que não lhe pertence.”
Se uma pessoa vir alguém deixando cair distraidamente um dinheiro ou carteira na calçada, a obrigação de qualquer cidadão educado e com senso crítico de justiça inato, é chamar a pessoa para pegar o dinheiro que pertence a ela. O ladrão não faria o que a grande maioria das pessoas com senso de justiça inato faria. Pelo contrário, pegaria o dinheiro para si e pensaria: “Os prejudicados que se danem.” Isso é o que podemos chamar de desvio de caráter.
O meliante usou o princípio da ocasião faz o ladrão e, se for de um psicopata, não terá o mínimo sentimento de culpa, piedade ou remorso pelo ato cometido, mesmo que essa ação possa prejudicar seriamente a vítima do crime.
Se todos nós tivéssemos esse desvio de caráter, o mundo seria uma barbárie com todos em conflito, “cada um por si e Deus por todos”.
Infelizmente, algumas pessoas têm esse desvio, e exercem certas profissões, sempre pensando em dar golpes, pois, para eles, o mundo seria dos espertos, ou seja, dos ladrões e não dos honestos.
Assim, vemos falsos religiosos enganando pessoas que, pela fragilidade da situação psicológica e/ou material em que se encontram, deixam-se conduzir facilmente por falsas promessas, por mais absurdas que sejam; ou por atores que simulam curas inverídicas. Assim também é no campo da política. Psicopatas ambiciosos na disputa do poder, vendo que outros roubam para atingir seus objetivos, não querem ficar para trás e resolvem aperfeiçoar a arte de roubar, em detrimento de uma população, principalmente a mais carente, justamente a que mais precisa, e infelizmente, a que mais se deixa enganar.
É preciso acabar com essa mentira de que a ocasião faz o ladrão. É o contrário: a ocasião é que dá a oportunidade para mostrar quem é honesto, quem pensa no futuro do Brasil. Dia virá em que o lema será: TODAS AS OCASIÕES MOSTRAM QUE É HONESTO E QUEM NÃO É.
