Em fevereiro de 2011 uma agente da Operação Lei Seca do Rio de Janeiro parou um Juiz do 18º Juizado Especial Criminal e o enquadrou. João Carlos de Souza Corrêa, à época, recorreu e o caso se estendeu até a semana passada quando (pasmem) a agente foi condenada a indenizar o juiz em cinco mil reais, acusada de abuso de poder.
“Abuso de poder só porque o cara é juiz? As Leis desse país só funcionam para quem não tem dinheiro!”, são só alguns comentários e perguntas de cidadãos revoltados que, ao lerem a notícia, acabam por declarar aquilo que todo mundo já sabe: Brasil é uma terra sem Leis… contra os ricos e poderosos.
Luciana Silva Tamburini exerceu seu dever. Porque se tivesse feito vista grossa, com certeza não estaria nessa situação. Mas não, preferiu pagar para ver, e pagará. Com a ajuda de amigos e colegas de trabalho, que já se mobilizaram, a agente está fazendo uma vaquinha através das redes sociais para pagar sua dívida com a justiça, um exemplo de dignidade.
Luciana, uma brasileira de verdade que apenas fez aquilo que, pelo menos a meu ver, metade dos cidadãos deste país gostaria de fazer. Não enquadrar um juiz em uma lei anticonsumo de álcool, mas sim, enquadrar os infratores, independentemente de quem seja, e fazê-los cumprir a lei que eles mesmos criam e aprovam.
Mas não no Brasil! Não aqui, onde quem tem dinheiro, tem tudo. Onde quem tem influência sobrevive, enquanto o trabalhador honesto desfalece todos os dias, lutando para conquistar o pão que alimenta seus filhos, muitas vezes deixando de ter, para não deixar faltar à sua prole.
No entanto, o bom de tudo isso, é saber que mesmo tendo sido penalizada por ter hombridade, ela não deu um passo atrás e em entrevista a um jornal de circulação nacional, enfatizou “fazer tudo de novo, se fosse preciso; onde estiver trabalhando fazer o certo”.
Aqui, o agradecimento, creio eu, em nome de milhões de brasileiros por sua coragem e atitudes que deveriam ser exemplos e não julgadas como ato criminoso. Obrigado Luciana.
