Cidades banhadas pela Represa Billings e grandes fornecedoras de água para o estado de São Paulo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra têm, além das preocupações habituais, a obrigação de cuidar bem de sua água e, para isso, contam com a participação fundamental da população.
Entre estes hábitos, estão um muito simples, comum a várias donas de casa que deve ser abolido: despejar o óleo de cozinha usado no ralo da pia ou no quintal. O que parece ser algo banal e inofensivo, na verdade é algo que causa incontáveis prejuízos ao meio ambiente, mesmo em quantidades pequenas. Para se ter uma ideia, um único litro de óleo descartado de forma incorreta polui até 25 mil litros de água, uma relação desigual e altamente nociva ao meio-ambiente.
Quando descartado no ralo da pia, o óleo se mistura ao esgoto doméstico e pode chegar aos rios e até mesmo ao mar pela rede de esgotos. Se jogado no solo é ainda pior. Pode alcançar os lençóis freáticos e ainda causar contaminação de dezenas de litros d’água, já que cria uma camada sobre a mesma, impedindo a sua oxigenação e causando a morte da fauna aquática. Fora isso, pode impermeabilizar o solo, impedindo a absorção das chuvas e causando enchentes além de eliminar gás metano quando em contato com o sol, causando chuva ácida.
A melhor opção, no caso, é encaminhar os resíduos para descarte e educar as pessoas para que tomem estes hábitos para suas vidas. Em Ribeirão Pires, o projeto Óleo Legal, implantado nas escolas da rede municipal de ensino, orientou a comunidade escolar quanto aos equipamentos usados para o destino correto do óleo, tendo a participação dos alunos. Mas este é um trabalho “de formiguinhas”, que ainda irá durar alguns anos até conscientizar toda a população. Enquanto isso, a população pode dar sua contribuição, promovendo o descarte correto do óleo de cozinha usado. Vale ressaltar que, para ser reaproveitado, o óleo deve ser necessariamente armazenado em recipientes com tampa, como garrafas PET ou embalagens de vidro.
Soluções alternativas – No Paraná, um engenheiro chamado Thomas Fendel desenvolveu uma técnica para utilizar óleos vegetais como combustível, por meio da adaptação de motores a diesel, tendo inclusive convertido um veículo utilizado pelo Greenpeace. Segundo o engenheiro, “um carro pequeno pode fazer mais do que 20 km com apenas 1 litro de óleo vegetal”. Entretanto, os kits necessários para conversão ainda não estão a venda no Brasil.
Uma solução mais viável é a fabricação de Biodiesel, já em uso no país. Além disso, ele pode ser usado na fabricação de massa de vidro, como aditivo no preparo de pré-moldados de concreto, solvente de tintas, matéria-prima para óleos lubrificantes automotores, insumo para cosméticos e combustível para caldeiras. Há condomínios, inclusive, que fazem a armazenagem e venda, cuja arrecadação se reflete em menores taxas para os moradores. Enfim, uma série de utilidades que comprovam ser o óleo de cozinha usado um poderoso – e valioso – insumo que, em hipótese alguma deve ser descartado. Basta usar a criatividade.