Agroecologia: plantio, colheita e respeito à natureza

Produzir alimentos de qualidade, com alto valor nutritivo e livres de resíduos tóxicos, baseado em uma atuação que defende a harmonia entre todos os seres vivos, assegurando-a por intermédio da preservação dos recursos da natureza, conservando-a fértil e sustentável. Esse é o trabalho que a química industrial e terapeuta holística, Regina Carvalho de Oliveira, desenvolve na chácara Folha Viva, localizada na Avenida Francisco Monteiro, nº 1780, bairro Vila Moderna, Ribeirão Pires. Pesquisadora de Alimentação Viva, Segurança Alimentar e Agricultura Sustentável desde 1983, Regina resgata técnicas naturais de produção agrícola sustentável, em jardinagem ecológica, cultivo de ervas e flores medicinais e, principalmente, na permacultura (método holístico para planejar, atualizar e manter jardins, vilas, aldeias e comunidades ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis) e horticultura, dispensando o uso de agrotóxico e fertilizantes químicos.

A agroecologia não só oferece produtos mais saudáveis e nutritivos, como também não polui o meio ambiente

Ação do engenheiro agrônomo Edson Hiroshi Seo, que vem construindo uma Ecovila em Piracaia, interior de São Paulo, inspirou Regina a iniciar esse trabalho. Nas ecovilas, que são comunidades de cinquenta a duas mil pessoas, unidas pelo propósito comum de desenvolvimento sustentável dentro de uma área delimitada, a sustentabilidade incorpora aspectos ambientais, sociais, econômicos e espirituais, onde se vive segundo o simples princípio de não retirar da terra mais do que se pode devolver a ela. “Essa pesquisa foi escolhida para ser feita em Ribeirão Pires por ser uma cidade 100% mananciais e de fácil acesso, e vem sendo fiscalizada pela Associação de Agricultura Orgânica do Estado de São Paulo, apresentando uma série de vantagens, do ponto de vista econômico e social, em relação às técnicas convencionais”, explica Regina. Entre as técnicas diferenciadas das tradicionais às quais ela se refere, estão o manejo e preparo do solo com rotação de cultura e biodiversidade; uso de adubos verdes e matéria orgânica (compostagem e húmus), plantas companheiras (plantas pertencentes a espécies ou famílias que se ajudam e complementam mutuamente, não apenas na ocupação do espaço e utilização de água, luz e nutrientes, mas também por meio de interações bioquímicas chamadas de Efeitos Alelopáticos); emprego de inimigos naturais de pragas; canteiros circulares e criação de aves.

Atualmente, Regina vem pesquisando a temática segurança alimentar e, nessa questão, os alimentos transgênicos vem lhe causando grande preocupação. Esse tipo de alimento é produzido a partir de organismos cujo embrião foi modificado em laboratório, pela inserção de pelo menos um gene de outra espécie. Alguns dos motivos de modificação são para que as plantas possam resistir às pragas. Regina lista alguns dos principais perigos que acompanham essa produção: “Contaminação genética, por disseminação descontrolada dos transgenes na biosfera; crescimento da contaminação química por biocidas; maiores perdas de biodiversidade silvestre e agropecuária; e prejuízos aos agricultores que não aderirem à onda dos transgênicos, com concentração de pragas em suas lavouras, por exemplo,”.

Regina ressalta que é reciclando toda a biodiversidade da matéria orgânica e desenvolvendo tudo que retiramos dela, que teremos um solo mais fértil e sustentável. “A agroecologia não só oferece produtos mais saudáveis e nutritivos, como também não polui o meio ambiente, preservando-os recursos naturais e sendo claramente mais sustentáveis do que os sistemas convencionais e transgênicos”.

A pesquisadora faz oficinas de Educação Ambiental nas demais cidades do Grande ABC e sonha em expandir o trabalho que vem desenvolvendo na chácara Folha Viva. “Meu grande sonho é viabilizar uma Escola Técnica Móvel de Agricultura Sustentável, que formará profissionais especializados nas técnicas naturais de cultivo, que por sua vez, poderão disseminar os processos pelo resto do país”.

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