Animais silvestres na zona urbana: como proceder?

Animais silvestres na zona urbana: como proceder?

A cidade de Ribeirão Pires, tem como principal atrativo para visitantes e munícipes turismo ambiental e tem suas áreas e matas nativas são protegidas por leis de mananciais. A principal via de acesso para a cidade é a Rodovia Índio Tibiriçá SP-31. Hoje temos também o trecho sul do Rodoanel que corta o município. São vias rápidas (60km/h em área urbana, atingindo de 80 a 100km/h em alguns trechos), e por estarmos cercados por Mata Atlântica, é muito comum na região atropelamento de fauna silvestre além do aparecimento desses animais (gambás, serpentes, lagartos e insetos) nas residências dos munícipes.

Atropelamentos:

 

Segundo a CBEE (Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas) as estimativas mostram que mais de 15 animais morrem nas estradas brasileiras a cada segundo. Diariamente, devem morrer mais de 1,3 milhões de animais e ao final de um ano, até 475 milhões de animais selvagens são atropelados no Brasil.

A maioria dos animais mortos por atropelamento são pequenos vertebrados (sapos, pequenas aves, cobras, entre outros) A estimativa é que morrem aproximadamente 430 milhões de pequenos animais. O restante dos 45 milhões se dividem em 40 milhões de animais de médio porte (gambás, lebres, macacos) e 5 milhões são de grande porte (onça-parda, lobos-guarás, onças-pintadas, antas, capivaras).

 

Sistema Urubu:

 

O Sistema Urubu é a maior rede social de conservação da biodiversidade brasileira. É um aplicativo que funciona para iOS e android onde a população pode, através do envio de fotos contribuir para reunir, sistematizar e disponibilizar informações sobre a mortalidade de fauna selvagem nas rodovias e ferrovias. O principal objetivo é auxiliar o governo e as concessionárias na tomada de decisão para redução destes impactos.

 

Animais Silvestres em área urbanas:

 

A ONU (organização das nações unidas) estima que em 2015 a população mundial chegou a 7,3 bilhões dos quais 54% vivem em centros urbanos essa expansão das cidades e o encolhimento dos ambientes naturais têm forçado animais selvagens e humanos a um convívio crescente.

Em nosso município, é muito comum residências em áreas de mata, como chácaras ou bairros mais afastados a entrada de animais silvestres no perímetro. O ideal é não tentar manusear o animal, não colocando os moradores em risco, não agredir o animal e entrar em contato com instituições de recebimento e reabilitação de fauna silvestre como IBAMA, CETAS, CRAS e DEPAVE por exemplo.

Segundo a lei 9.605/98, lei de crimes ambientais, em seu Art. 32, é: ‘Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, sendo ainda considerado Maus tratos: “quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos”.

Não é recomendado resgatar animais silvestres. Se o animal estiver ferido, você pode piorar as lesões e o animal pode te ferir para se defender.

O CRAS (Centro de reabilitação de animais silvestres) tem como objetivo recepcionar, triar e destinar os animais silvestres apreendidos em operações de combate ao tráfico, os atropelados nas rodovias estaduais, bem como os entregues voluntariamente pela população.

Os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama são unidades responsáveis pelo manejo dos animais silvestres que são recebidos de ação fiscalizatória, resgate ou entrega voluntária de particulares. Sua finalidade é receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar esses animais silvestres, com o objetivo maior de devolvê-los à natureza, além de realizar e subsidiar pesquisas científicas, ensino e extensão.

O DEPAVE (Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre) recebe animais silvestres atropelados, acidentados por linha de pipa ou atacados por cães prestando atendimento veterinário com suporte laboratorial aos animais silvestres trazidos por munícipes, Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental e Ibama, Centro de Controle de Zoonoses, entre outros. Para tratamento, os animais recebem cuidados veterinários com acompanhamento clínico, cirúrgico, biológico e nutricional de acordo com as necessidades próprias de cada espécie.

O trabalho de destinação desenvolvido na Divisão de Fauna visa à soltura dos animais atendidos. Caso isso não seja possível os animais são encaminhados para criadouros conservacionistas. Após criteriosos processos de avaliação os animais são encaminhados de acordo com suas condições e espécie.

A maioria dos animais são soltos na área de sua procedência ou de ocorrência da espécie; para isso os animais necessitam de mudanças de hábitos alimentares e formação de grupos no caso de espécies gregárias. Também são providenciadas questões legais relacionadas a órgãos competentes (IBAMA) para documentação para transporte e autorização de destinação.

Infelizmente a maioria dos animais atendidos na Divisão de Fauna são resultantes de acidentes, tráfico clandestino ou foram mantidos e tratados como animais domésticos por longos períodos de sua vida. Neste caso é comum que os animais apresentem uma grande dificuldade de adaptação à vida livre, acarretando a destinação de muitos indivíduos para zoológicos e criadouros com a autorização do IBAMA.

Muitas espécies provenientes do tráfico de animais silvestres enfrentam outra problemática em relação a sua destinação. Tratam-se de animais que não ocorrem na área metropolitana da cidade ou até mesmo do estado de São Paulo. Nestes casos, onde as espécies não podem ser soltas em nossa região, é necessário o transporte (muitas vezes por avião) e técnicos especializados em outras regiões do país para a realização de de solturas.

As leis ambientais brasileiras consideram crime retirar animais silvestres de seus habitats sem a prévia autorização dos órgãos ambientais competentes. Entre em contato com os órgãos responsáveis e contribua com a preservação da fauna local.

Enviado por Lia C. F Silva – estudante de Medicina Veterinária e Tosadora

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