Leia a entrevista exclusiva cedida ao Mais Notícias
Em entrevista exclusiva ao Mais Notícias, o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PL), fez uma análise sobre sua gestão, o combate a pandemia e também sobre a política local e nacional. Em seu terceiro mandato, passado um primeiro ano de trabalho intenso, ele afirma que 2022 será um ano de “obras e realizações”.
MN: Como o senhor avalia o ano de 2021?
CV: Foi muito bom para Ribeirão Pires. Tivemos dificuldades, pegamos a pandemia no auge e sofremos muito, mas organizamos a economia da cidade e vamos terminar o ano com superávit financeiro, o que não é fácil num ano terrível como esse. Estamos pagando das dívidas aquilo que de fato é necessário pagar, como remédios, serviços realizados e pagamentos nos quais os credores dão os descontos necessários que estamos pedindo. Tudo que nós podíamos pagar, resgatar e que exige a continuidade dos contratos, nós pagamos. Hoje, Ribeirão Pires paga seus credores rigorosamente em dia.
MN: No começo do ano, o senhor chegou a citar que o orçamento que foi deixado pela gestão anterior, estava um pouco superestimado. Como o senhor fez para domar esta situação?
CV: Diminuímos o número de secretarias, isso que eu falei, os credores diminuiriam o valor dos contratos, quem não diminuiu nós cancelamos, esperamos vencer, fizemos novas licitações. Então, fomos nos organizando, o que permitiu economia de R$ 1,5 milhão por mês só na folha de pagamento. Havia serviços e compras super aviltadas, houve obra de R$ 60, R$ 70 mil, que estava sendo feita a R$ 240, R$ 250 mil. Eu costumo dizer que aqui é como se fosse a minha casa, eu tenho uma arrecadação e não posso ultrapassar os limites do crédito que eu terei. Nosso perfil é de gestor, de gostar da cidade. Não é gostar dos negócios que a cidade oferece, é gostar da cidade. A cidade oferece negócios. Se você gostar dos negócios, afunda a cidade. A cidade não pode ser sócia de ninguém, tem que ser objeto de boa administração para permanecer ativa.
MN: Como foi esse processo?
CV: Começamos aqui em janeiro com R$ 500 mil no banco, o que não é nada. Tivemos que consertar tudo e eu fui duro, pessoal de finanças foi duro e a Câmara nos ajudou muito nesse processo. Tínhamos uma dívida de R$ 239 milhões entre restos a pagar e judicializada e, em oito anos, não há um prédio, um posto de saúde, uma vila inteira asfaltada, não se fez uma escola. Como pode uma cidade ter uma dívida deste tamanho, se não há aos nossos olhos nada que tenha sido investido em dinheiro? Foi gasto como? Eu fico abismado! São coisas mal elaboradas, sem planejamento. Mas enfim: agora estamos terminando o ano investindo perto de R$ 5 milhões com recursos do Tesouro. Fora esse dinheiro, estamos reformando seis escolas, a reforma do Centro de Especialidades Médicas e da Saúde da Mulher. Estamos fazendo coisas que até eu me surpreendo. É o Milagre dos Peixes.
MN: E quanto ao Hospital Santa Luzia, como estão as obras?
CV: No dia 22, será dada a ordem de serviço (autorização para início das obras). A empresa estará em férias no Natal e no Ano Novo e iniciará o trabalho em janeiro.
MN: E quanto tempo de obras?
CV: Dezoito meses. Talvez a gente consiga fazer por alas e possa passar a utilizar algumas delas. Mas a ideia é que ele esteja completo em 18 meses e funcionando em 20, 24 meses no máximo.
MN: E esse o hospital vai ser o grande legado?
CV: Eu acho que sim, porque foi o único comprometimento que eu tive. Para ter uma ideia, o Governo Federal observa muito a reforma tributária que os municípios fazem. Nós aqui quando pegamos a Prefeitura, na avaliação, que era entre A, B ou C, Ribeirão Pires era C, não podia pegar empréstimo. Agora é letra A, desde agosto. Ou seja, nós entramos no rol das cidades que podem ter condições de fazer empréstimo porque tem condições de pagamento.
MN: E então na sua opinião o que faltou foi a organização?
CV: Faltou seriedade. Sem ela, você não organiza, não cuida.
MN: Passada a pandemia, na cidade, há muitas lojas fechadas, muitas casas pra alugar, pontos comerciais sem operar. Qual o plano da Prefeitura nos próximos meses para tentar reverter essa situação e também melhorar a questão da arrecadação de impostos?
CV: Olha, nós temos dois aspectos interessantes aqui na cidade. O primeiro é a parte comercial que é pequena, mas sofre muito. Em compensação, nós recebemos aqui diariamente inúmeros projetos e pedidos para construção de prédios e casas, loteamentos que começam a ser vendidos, construções de predinhos dentro do padrão de classe média, apartamentos de R$ 350 mil até R$ 400 mil reais, que é o mercado hoje. Eu acredito que não se sustentaram os comércios que tiveram dificuldades de gerenciamento. Se você tem um comércio ou um negócio e você tem condições de sustentá-lo por um período sem lucratividade nenhuma se beneficia depois.
MN: Falando em receita, qual a expectativa para 2022?
CV: Então a expectativa para o ano que vem a gente é uma receita de uns R$ 380, R$ 400 milhões. Teremos parte do crescimento que é inflacionário, porque a inflação deve ser perto de dois dígitos, mas ainda assim tomamos um grande cuidado em calcular o orçamento calculado considerando aumento de 6% por conta da inflação.
MN: Como o cenário nacional, com eleições no Estado e Governo Federal em 2022, pode influenciar o cenário de Ribeirão Pires?
CV: Para repasses, é preciso ter ao menos uma parcela paga até o meio do ano para seguir recebendo. Por isso, tomei um cuidado muito grande, já assinei o convênio do hospital, emenda no meu partido (PL), já foram entregues todos os projetos, estamos aptos a licitar e a receber a primeira parcela antes de abril. Há ainda um contrato de financiamento chamado FINISA, de R$ 30 milhões, R$ 20 milhões para asfalto, R$ 8 milhões para um ginásio de esportes com 2.500 lugares que a cidade não tem, concluir a UBS do Parque Aliança porque não terminaram e perderam um dinheiro, que teve de ser devolvido. A documentação já foi enviada, então o dinheiro pode vir já em janeiro. Tudo o que eu fiz esse ano, eu programei direitinho para que tudo aconteça antes de abril. Tudo que nós conseguirmos de emenda em 2022, que é o ano eleitoral, nós vamos utilizar em 2023. Mas há inúmeras obras em andamento. Então é preciso planejamento. Há ainda 30 milhões de emendas, que serão usados em 2023.
MN: Acabando esse mandato, o senhor será o segundo homem que mais tempo governou essa cidade. O senhor vai para reeleição?
CV: Eu estou sempre querendo parar mas aí, tem umas pessoas que ficam falando mal, “enchendo o saco”, mas eu quero ir lá e ganhar deles. Quem nos mantém na disputa é o inimigo. Isso quem me ensinou foi um prefeito, um senhor do Mato Grosso do Sul, fazendeiro, milionário, quinto mandato, já com seus oitenta anos. Você quer sossegar e aí na rua, começam a falar mal de você. Aí você vai lá e ganha deles. Era o quinto mandato dele, vinte anos ou mais. O cara é um herói, né?
MN: Você citou adversários. Quem são eles?
CV: Pessoal gosta de bater, para ver sua reação. Mas tem uma coisa: o adversário é necessário, você não pode ganhar uma eleição concorrendo sozinho. Se ele não existir, você não mostra nem aquilo o que deseja fazer, o que fez. A tese de não ter adversário, de não ter ninguém criticando, é muito ruim. No final, é ele que te anima, ele que te faz encontrar soluções, é ele que faz com que tudo aconteça. Se ele sair do jogo, é muito ruim.
MN: E os seus adversários aqui, como você os analisa?
CV: Eu ainda nem sei quem são na realidade. Tem uns meninos aí, mas não sei se eles vão ser adversários lá na frente também, né? O vice-prefeito (Amigão D’Orto) faz uma pré-campanha, a Marisa (das Casas Próprias, candidata nas últimas eleições), também, pelo desejo (de disputar a Prefeitura), o que é um direito (deles). A princípio eu vejo esses dois só, depois aparecerão outros, claro. Pode ser que apareça até mesmo dentro do nosso grupo.
MN: Você citou a questão do vice-prefeito. Como está a relação entre vocês?
CV: Entre eu e o vice, a relação é uma montanha. Ela desce, depois sobe, depois desce. Nós tivemos algumas indisposições, agora estamos caminhando bem.
MN: Há condição de voltar a compor uma chapa com ele?
CV: É o tempo que vai dizer. Eu digo o seguinte, o vice que mais me enganou foi o Dedé (da Folha). Esse que mais me enganou, esse foi bonzinho e por trás tomou tudo. O Amigão é um bom rapaz, não é má pessoa, mas ainda ele ainda não tem sentimento de Executivo. Isso aqui é complicado. Se bobear aqui, leva tudo pro buraco numa facilidade muito grande. Então eu acho que ele tem ainda um potencial muito grande de se tornar um bom candidato a vice, até prefeito mesmo. Ele precisa fazer o que ele está fazendo. Você pega o comportamento, por exemplo, do Dedé (da Folha), que me enganou, um cara que não tem palavra para nada. Eu, que sou um cara cumpridor de palavra, me prejudiquei. Essas coisas eu já não faço mais. Todos os que têm vontade de ser candidatos apoiados pela máquina devem entender que têm de estar no governo. E Governo tem hora que é bom, tem hora que é ruim, tem hora que leva porrada, tem hora que leva elogio.MN: Prefeito, focando neste mandato atual, qual foi a grande alegria e a grande frustração?
CV: Foi um trabalho que a equipe fez para cuidar da Covid aqui em Ribeirão. Nós fomos modelo, nós fomos modelo na no combate a doença. O trabalho que o pessoal da saúde foi espetacular. A grande tristeza, sem dúvida, foram as mortes que nós não conseguimos evitar. Era muita gente morrendo. Chocava a gente.
MN: Para 2022, qual a grande meta e o que que a população pode esperar da gestão?
CV: O cidadão de Ribeirão Pires vai ver as obras em andamento que nós programamos. Nós fizemos o essencial esse ano, agora nós vamos realizar as obras para as quais conseguimos os recursos. Então, será um ano de muita coisa sendo feita. Então, você vai ter asfalto, você vai ter início da construção de novo no hospital, aí inauguração em 19 de março da Saúde da Mulher e das Especialidades Médicas. Você vai ver uma grande mexida, mexida nesse na gestão, especialmente na área da Saúde. O ano que vem será de obras e realizações.
MN: Já estamos tendo alguns eventos, como o Festival Gaúcho. Festival do Chocolate, podemos esperar por alguma novidade?
CV: Pode. Se nós não tivermos nenhuma crise de saúde, vamos fazer. Se Deus quiser. Está dando tudo certo.
MN: E aí pra gente fechar, prefeito, deixe uma mensagem de fim de ano para a população
CV: A primeira grande mensagem é para agradecer a confiança que as pessoas tiveram em mim. Segundo, eu quero que as pessoas entendam que nós fizemos o que podíamos fazer e que foi o melhor pra cidade. E terceiro, que eles mantenham a expectativa e a esperança de que nós vamos fazer um bom governo.