Em entrevista exclusiva ao Mais Noticias, o vereador José Vicente de Abreu, o Vicentinho (PR), decidiu comentar o estado polêmico em que se encontram os vereadores de Ribeirão Pires, tendo que devolver o aumento salarial referente aos anos 2007 e 2008. Segundo parecer do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo), o aumento salarial concedido por Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), que na época exercia a função de presidente da Casa, deve ser devolvido integralmente. Dedé reuniu os vereadores em duas ocasiões para cobrar que cada um quitasse sua parte da dívida, que ultrapassa R$ 380 mil em dois anos.
Mais Noticias – Quando os vereadores foram receber o aumento, foram avisados de que teriam algum problema?
Vicentinho – Não. Na época houve uma pressão dos próprios vereadores para que fosse repassado o aumento. Os vereadores estavam até ansiosos para que o aumento dos deputados saísse logo, consequentemente havia uma pressão sobre o presidente para que pagasse o salário.
Mais Noticias – E como foi o processo?
Vicentinho – Nos dois primeiros meses, o presidente Dedé não pagou o aumento, enquanto consultava a área jurídica por intermédio do advogado João de Deus, que deu parecer favorável ao pagamento. O Dedé então pagou retroativo, cedendo à pressão.
Mais Noticias – Você sabia que teria algum problema?
Vicentinho – Quando veio o pagamento houve uma dúvida, mas com o parecer de um advogado experiente, que é também um economista e que já foi até vereador, eu recebi o aumento sem preocupação nenhuma, confiando na decisão do departamento jurídico.
Mais Noticias – Quando a ‘bomba estourou’, o que aconteceu?
Vicentinho – É normal as pessoas se esquivarem de uma dívida, colocando a culpa em alguém, no caso, o presidente da Casa. Naquela época ele deu o aumento e em minha opinião eu não acho justo fazer uma pressão para que dê o aumento e depois tentar tirar o corpo fora para não devolver. Ninguém quer pagar uma conta dessa, mas não tem jeito.
Mais Noticias – Como o Dedé conseguiu conciliar o pagamento, convencendo os onze vereadores?
Vicentinho – Tivemos duas reuniões em dias e épocas diferentes. A primeira foi feita na casa dele. Ele convidou todos os vereadores e explicou o problema junto com seus advogados. Depois de explicar, ele disse que teríamos que devolver o aumento. Na época foi feito um acordo com o Tribunal de Contas e eu havia questionado que, se as contas de 2007 teriam que ser pagas, as de 2008 também seriam inevitáveis a devolução do referido aumento. Já na outra reunião não foram todos os vereadores. Eu questionei o Dedé agora, na hora de fazer o novo acordo, ele disse que todos os vereadores haviam assinado que pagariam o valor e que estávamos de acordo. E eu pedi para ver esse documento, já que não me lembrava de ter assinado nada. De qualquer forma, eu não acho justo que um só pague por uma conta que eu aceitei.
Mais Noticias – Hoje são dois boletos por mês totalizando R$1.044,47, certo?
Vicentinho – Sim. Eu estou devolvendo pontualmente. Recebi de boa fé e de boa fé estou devolvendo.
Mais Noticias – Falando de política, você pretende pleitear o cargo de presidente da Câmara para o ano que vem?
Vicentinho – Sobre o pleito à presidência, eu pretendo ser o presidente se tiver o aval de todos. É claro que cada vereador tem o direito de ser. Eu sou a favor de fazer a vontade da maioria. Não há necessidade de forçar a barra, para ser o presidente tem que ter os pés no chão, senão o Tribunal de Contas complica a situação. Essa é uma grande responsabilidade. Para mim, todos os vereadores têm capacidade de assumir a chefia da Casa.
Mais Noticias – Você daria novo aumento caso também fosse pressionado?
Vicentinho – Caso houvesse o pedido de um novo aumento, eu respeitaria o parecer jurídico, mas não pagaria dada a minha experiência.