O tão clamado sossego pedido pelos moradores do Centro Novo, em Ribeirão Pires, pode estar perto de se concretizar. Uma liminar concedida a pedido do Ministério Público, em Ação Civil Pública determina que a Prefeitura fiscalize os estabelecimentos da área e verifique se os níveis de som para quem oferece música estão acima do permitido, além da aglomeração de pessoas no entorno dos comércios, que causa muito incômodo a quem reside no local. “É à Municipalidade que incumbe o zelo pela ordenação da movimentação de pessoas na via pública em assunto de interesse local, assim como o combate à poluição sonora, de modo que num primeiro momento deverá a có-ré Municipalidade promover a imediata contenção em termos de emissão sonora dos aglomerados de pessoas formados juntos aos estabelecimentos “Bar do Paixão”; “Pastel Bar”; “Morada do Vinho”; Bar Mané dos Caldos” e “Lanchonete do Deda”, diz a liminar.
Dois bares terão que fazer isolamento acústico em um prazo de 30 dias, de modo que as emissões sonoras não superem 55 dB após às 22 horas: A Adega Barbieri e o Bar do BA. Nos demais estabelecimentos, a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) promoverá, durante três meses, quinzenal medição da emissão de ruídos. Depois desse período, a Companhia vai apresentar um laudo e, após essa apresentação, se constatado o descumprimento da ordem, será considerada a hipótese de cessação completa das atividades após as 22 horas.
Uma funcionária da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura, local onde está sendo estudado a melhor maneira de cumprir a determinação judicial, disse que será pedido o apoio da Polícia Militar para que a questão seja tratada da melhor maneira. “Nossa dificuldade vai ser ponderar quando está além do limite, quando não. Na verdade a calçada é pública, tem o direito de ir e vir, o pessoal está em um momento de lazer, tem o limite também para cercear essa diversão, porque ali é zona mista (residencial e comercial), mas vamos pedir o apoio da Polícia Militar e será feito o possível para atender essa ordem judicial”.
Em nota, a Comissão de Moradores do Centro Novo comemorou a liminar.
“Nós da Comissão de Moradores do Centro Novo, entendemos como justa e necessária a liminar concedida pela justiça no que diz respeito ao problema de poluição sonora no Centro Novo de Ribeirão Pires.
Não queríamos onerar ainda mais a Justiça, mas é importante salientar que nada disso estaria acontecendo se a Prefeitura Municipal, por meio de seu Setor de Fiscalização e Posturas, cumprisse com o seu papel ao invés de fazer ‘vista grossa’. E se a Ouvidoria Municipal servisse pra alguma coisa além de só ‘ouvir’, e se os vereadores da Câmara Municipal deixassem de dizer ‘amém’ pra tudo o que o prefeito diz, certamente as denúncias que fizemos lá atrás teriam sido apuradas e o problema já estaria resolvido.
Também não precisaríamos chegar a este ponto se a Polícia Militar cumprisse com sua obrigação atendendo aos chamados de perturbação do sossego, ao invés de dizer ao cidadão que isso não é problema deles.
Nunca fomos contrários ao direito dos comerciantes de explorarem seus comércios, mas o direito de um termina quando começa o direito do outro, e os comerciantes extrapolaram isso.
Esperamos então que a justiça se cumpra e que os moradores possam voltar a ter um pouco mais de paz e sossego”.
Desde 2007, essa é uma luta dos moradores do local. A Promotoria de Justiça havia arquivado ação pública que denunciava abusos contra a Lei Municipal do Silêncio, mas o caso foi levado a uma instância superior. Em fevereiro, o Conselheiro e Relator do processo, Dr. Álvaro Augusto Fonseca de Arruda, do Conselho Superior do Ministério Público, solicitou que o caso continuasse sendo apurado, uma vez que as provas apresentadas seriam fortes o bastante para que a denúncia seguisse.