Na última terça-feira, foi consolidado um dos acordos mais adiados dos últimos tempos: a fusão entre as candidaturas de Dedé da Folha (PPS) e Saulo Benevides (PMDB) que, a partir de agora, são (de fato) uma só, consolidado um final que estava para ser anunciado em agosto, mas foi adiado por “má repercussão”.
Relembrando, no último dia 2 de agosto, explodiu a notícia de que a união entre eles estaria sacramentada por conta das baixas intenções de votos em Saulo, mas acabou virando uma série de desmentidos. Em sua conta no Facebook, por exemplo, Dedé afirmou “Nego e não quero o Apoio”. Sua vice, Rosí de Marco, afirmou que “qualquer matéria relacionada ao apoio de Saulo não era verídica”. Mas, como se comprova, o apoio de fato aconteceu, segundo informações de bastidores, em troca de secretarias, cargos e a promessa de não auditar as contas da atual gestão, o que ganhou o apelido de “Acordão da Traição”, uma vez que ambos os grupos foram traídos.
A reportagem do Mais Notícias recebeu informações de fontes próximas aos grupos que falam dos bastidores da negociação. Algumas delas chegaram a surpreender. “A união já está certa há algumas semanas”, afirmou uma delas. Outra, por sua vez, afirmou que “Saulo e Dedé nunca estiveram separados de fato, até por que tem interesses em comum, que são a vitória nas eleições e o afastamento do grupo de Kiko”. Uma terceira fonte falou em números. A negociação teria envolvido 5 secretarias e de 80 a 100 indicações (cargos comissionados) que seriam indicados pelo grupo do atual prefeito. Considerando que há mais de 400 comissionados (número que dobra se considerados os de empresas que prestam serviços como a Santa Casa) na atual gestão, fica a dúvida sobre quem será salvo.
Vale ressaltar que, em 2012, houve a retirada de um processo por parte de Dedé que poderia ter impedido que a cidade fosse governada por Saulo. Em troca, ele teve o direito de indicar alguns cargos, como o ex-secretário de Saúde Fernando Blandi que, curiosamente, aparece na lista de atuais doadores de campanha de Alex Manente, candidato a prefeito de São Bernardo do Campo e padrinho político de Dedé. A retirada do processo gerou uma carta, assinada por diversos de pessoas que, inclusive, estão em sua atual base de apoio, classificando a atitude de Dedé de “maracutaia planejada” e “traição”.
Traição, aliás, é o sentimento que domina boa parte dos que apoiavam as candidaturas. Em conversa com o Mais Notícias, o ex-secretário e ex-vereador Vicentinho mostrou desagravo com a venda da legenda feita pela cúpula do PMDB na calada da noite sem consultar as bases. Ele afirmou que continuará em campanha solo e irá aconselhar seus eleitores e apoiadores “a votar e indicar um candidato comprometido com a cidade”. Outros integrantes de vulto de ambos os lados foram no mesmo sentido. Um deles afirmou que “fez a campanha sendo convidado diretamente por Saulo” e que “não irá pedir votos para Dedé de jeito nenhum”. Outro afirmou que “não confia mais em Dedé”.
Mas, pior que a emenda é o soneto. Em consulta ao Facebook vemos diversos munícipes compartilhando do sentimento de traição. “Que vergonha! Será que tem alguém em Ribeirão Pires que vota em qualquer um dos dois! Quem votar é porque não ama a cidade que mora! Horrorizada!”, afirmou a internauta Angela Bigon. “É por causa de pessoas assim que nossa cidade só esta indo pro buraco”, afirmou Narelly Borges. Por fim, o comentário de Renata Costa: “Se não fosse trágico seria cômico”.