Em entrevista exclusiva ao Mais Notícias, o prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides, fala de seus planos para a cidade, dos projetos que pretende implantar, dos investimentos que já estão sendo feitos e também comenta a entrevista concedida pelo ex-prefeito Clóvis Volpi, publicada na edição da última semana (leia clicando aqui), na qual o antigo comandante do Paço analisou seus primeiros cem dias de gestão. Saulo afirma, entre outras coisas, temer que o legado de Volpi possa levar a Prefeitura à bancarrota.
Mais Notícias – O ex-prefeito disse que Ribeirão irá perder um ano em sua história. O que o senhor pensa sobre esta afirmação?
Saulo Benevides – Na verdade, o que o ex-prefeito deseja é que a cidade pare nos próximos quatro anos. Ele fez tudo para que isso aconteça. Deixou vencer contratos e não abriu novas licitações, justamente para emperrar a máquina administrativa. Deixou de pagar fornecedores de serviços essenciais para me prejudicar e não pensou na população. Armou, como dizem por aí, várias bombas-relógio para explodir ao longo da minha gestão. Ribeirão Pires sofre com dívidas deixadas pelo governo anterior. Ele diz que farei a pior administração da história da cidade, pois isso é um desejo pessoal dele. É a famosa oposição irresponsável, feita por políticos da pior qualidade. Falar que perdemos tempo é muita cara de pau, pois ele vetou o processo de transição, negando a quem vence a eleição um direito democrático. Estamos é trabalhando muito, para administrar a cidade porque, se não for assim, a Prefeitura quebra. Ele deixou R$ 42 milhões em dívidas. No começo, falava que seriam R$ 10 milhões. Depois admitiu que seriam R$ 20 milhões. Então a população tem de saber a verdade. A gestão Clóvis Volpi deixou R$ 42 milhões de dívidas. O resto é choradeira de quem perdeu a eleição e tem que responder pro Ministério Público o desvio de R$ 18 milhões na saúde.
MN – E como o senhor trabalhado para resolver esta questão?
SB – Choque administrativo. Gestão pública. Só assim iremos tirar a Prefeitura do buraco. Neste primeiro ano estamos fazendo a lição de casa. Enxugar os gastos e extinguir abusos e desperdícios, sem prejudicar o atendimento a população. Renegociar com fornecedores, baixar os valores, como no caso dos combustíveis, e ao mesmo tempo buscar ajuda dos governos Federal e do Estado para investimentos em obras e serviços. Conversar com os empresários e atrair empresas para a cidade. Não tratá-los como inimigos e deixar de ter novas indústrias. Só assim poderemos gerar emprego e renda para fazer o dinheiro circular na cidade, beneficiando os comerciantes.
MN – Clóvis Volpi tem se colocado a disposição para dar conselhos. O senhor aceitaria?
SB – Onde já se viu! Receber conselho de um ex-prefeito que está com os bens bloqueados e que pode ter, a qualquer momento, o pedido de prisão decretado pelo Ministério Público por desvio de dinheiro na Saúde? É isso que toda a imprensa divulgou e a cidade sabe. Eu deito e durmo. Nestes 100 primeiros dias tenho a consciência tranquila que fiz e vou fazer de tudo para melhorar a saúde da cidade. Já algumas pessoas eu não tenho a certeza de que conseguem dormir com esta tranquilidade, sabendo que o MP averigua desvios de R$ 18 milhões na saúde, dinheiro que afetou pessoas inocentes que vieram a falecer por falta de remédio e médico. Como escutar conselhos de quem ao perder a eleição, tratou que quebrar a Prefeitura. Ele não pagou os salários e o 13º dos servidores. Mas os amigos, os secretários municipais, estes receberam tudo a que tinham direito. Pergunte as pessoas que passaram o final de ano sem pagamento o que acham disso.
MN – E sobre as verbas do DADE? Como o senhor pretende lidar com este recurso?
SB – Este recurso é do Governo do Estado e liberado para cidades com o título de Estância Turística. Este ano teremos direito a R$ 4,4 milhões. Vamos investir em turismo, em equipamentos turísticos para atrair visitantes a Ribeirão. O DADE apontou que este recurso vinha sendo utilizado pela gestão passada de forma não aconselhável. Asfaltar ruas, promover obras em encosta de morro, iluminar trevos. Para estes serviços existem verbas específicas. Basta ter projetos e buscar os recursos. O Volpi investiu de maneira não aconselhável pelo Dade em infraestrutura, em um prédio do hotel escola que até hoje não foi concluído. Obras sem qualidade. Não sou eu quem diz, é a Folha de São Paulo, o principal jornal do país. Ribeirão Pires corre o risco de perder o título de Estância Turística. Estamparam uma foto enorme do estado de abandono que o Volpi deixou na Igreja do Pilar. Um prefeito que deixa a cidade nesta condição, arriscando o título de Estância, quer falar de como se deve utilizar a verba do DADE? Para com isso!
MN – E que equipamentos turísticos seriam estes?
SB – O teleférico. Investimento de R$ 15 milhões cujo projeto já está nas mãos do Ministro do Turismo. Eu mesmo entreguei. Terá 4,4 quilômetros de extensão. Ligará o Centro até a represa. O projeto do chafariz nos moldes do Ibirapuera. O Volpi está parecendo aquele garotinho que é o dono da bola. Se ele não jogar, ninguém mais joga. Como ele não fez, diz que todo o resto não presta, não vai dar certo, está errado.
MN – Um outro projeto que o senhor apresentou e foi criticado pelo ex-prefeito é o túnel ligando o Centro Alto e o Centro. Qual a sua análise sobre as declarações de Volpi?
SB – Mais uma vez uso o exemplo do dono da bola. É uma demanda da cidade. Aliás, é mais do que uma demanda, é uma necessidade. Estou fazendo a lição de casa, tenho pedido receitas federais e estaduais porque certamente com recurso municipal será muito difícil. A obra é necessária e não me lembro do governo passado ter se aprofundado no projeto sob as questões técnicas do túnel em 8 anos de gestão. Hoje existem túneis até debaixo de rios e mares. É como disse anteriormente, ele torce para não dar certo, não pensa na cidade.
MN – E sobre o Rodoanel?
SB – Ribeirão é geograficamente muito bem localizada. Estamos próximos ao Porto de Santos, do Aeroporto de Guarulhos, da Capital e principais rodovias do Estado. Ribeirão, com uma alça do Rodoanel, se tornará a “menina dos olhos” do Grande ABC. Mas estamos tendo dificuldades em obtê-la alça, mesmo com as promessas do governador Geraldo Alckmin, devido ao ex-prefeito ter sido contra uma alça de acesso em Ribeirão. É até engraçado ler o que ele fala agora, pois é completamente diferente da posição que tomou durante as discussões da obra. Decisões pessoais não podem sobrepor o coletivo. A alça é mais um fator positivo no plano de tornar Ribeirão um polo industrial sustentável e uma cidade turística de fato.
MN – Clóvis Volpi disse que o senhor não estaria pronto para ser prefeito. Saulo, você se sente preparado para governar Ribeirão Pires?
SB – Muito preparado. A cidade confiou em mim. Estou me dedicando ao máximo. Eu e minha equipe e conto com a ajuda dos servidores públicos. Acontece que o dia em que o Clóvis me elogiar, o mundo acaba. Mas ele tem razão em alguns pontos. Para algumas coisas que o ex-prefeito conhece bem eu realmente não estou preparado. Não estou preparado para roubar a cidade, para mentir e enganar as pessoas, para tratar algumas secretarias como brinquedinho de família. O adjetivo mentiroso não cabe a mim. Sempre falo que se conhece o caráter da pessoa não pelo seu discurso, e sim pela sua conduta. E tem mais: se o PV e o Volpi tivessem feito à maravilha de governo que eles acham que fizeram, eu não seria hoje o prefeito de Ribeirão Pires.
MN – E sobre o futuro? O senhor já pensa em 2016?
SB – Este não é o momento de falarmos sobre isso. O momento é de arregaçar as mangas e trabalhar. Sobre o passado, se tem um ato que eu e minha família nos arrependemos é ter apoiado Clóvis Volpi em 2004. Eu deveria ter apoiado o (Valdírio) Prisco, mas consertei meu erro. Errar de novo nunca mais. Até gostaria que o Volpi não fosse enquadrado na Lei Ficha Limpa para enfrentá-lo nas urnas em 2016, mas, pelo que vejo, não terei essa felicidade já que pelo que me consta a qualquer momento o Ministério Público pode decretar a prisão dele.