Outubro Rosa é um mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, e a nutrição desempenha um papel importante na prevenção dessa doença.
Mulher: Seu corpo, sua vida. Este é o tema da campanha do Ministério da Saúde em 2024.
O câncer de mama é a neoplasia mais comum entre as mulheres no mundo, e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres. Em 2022, cerca de 2,3 milhões de novos casos foram diagnosticados globalmente, e houve cerca de 665 000 mortes. No Brasil, foram estimados 73,6 mil novos casos em 2024, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.
Prevenção é o Melhor Caminho
Exames importantes que devem ser realizados:
- Autoexame das Mamas
- Mamografia: Recomendado anualmente a partir dos 40 anos ou antes, caso haja histórico familiar.
- Ultrassonografia das Mamas
- Ressonância Magnética (RM)
Entre os fatores de risco bem estabelecidos estão:
- Histórico familiar
- Idade da menarca e da menopausa
- Vida reprodutiva
- Consumo excessivo de álcool
- Tabagismo
- Dietas ocidentais ricas em calorias e pobres em nutrientes
Como prevenir?
As diretrizes de prevenção do World Cancer Research Fund (WCRF) recomendam manter um peso saudável, praticar 150 minutos de exercícios físicos de intensidade moderada por semana, limitar o consumo de álcool e tabaco, além de adotar uma dieta no estilo mediterrâneo, rica em vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis.
Abaixo, listo alguns alimentos que podem fazer parte de uma rotina alimentar saudável e ajudar na prevenção e tratamento do câncer de mama:
Ácidos graxos ômega-3
Peixes gordurosos, como salmão, sardinha e cavala, são conhecidos por seus benefícios à saúde, incluindo efeito protetor contra o câncer.
- Um estudo de 2015 sobre ácidos graxos ômega-3 na prevenção do câncer de mama avaliou mulheres com altas taxas de ingestão de EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosaexaenoico) em comparação ao ácido araquidônico (ômega-6). Os resultados indicaram que os ácidos graxos EPA e DHA são mediadores lipídicos importantes associados à diminuição da inflamação e à prevenção da doença.
- A associação entre o risco de câncer de mama e a ingestão de ácidos graxos poli-insaturados n-3 (PUFA) também foi avaliada por uma meta-análise com 21 estudos de coorte prospectivos, envolvendo 20.905 casos da doença e 883.585 participantes. O resultado mostrou que o consumo mais alto de PUFA n-3 está associado a uma redução de 14% no risco de câncer de mama.
Quercetina
É um pigmento flavonoide com atividade antioxidante encontrado em frutas e vegetais como brócolis, cebola, maçã, pimentão, morango, mirtilo e uva.
- Estudos sugerem que os efeitos protetores da quercetina resultam na morte de células cancerosas, restauração de genes supressores de tumor e inibição da expressão de oncogenes.
- A quercetina também aumenta os efeitos quimioterápicos da doxorrubicina (quimioterápico de primeira linha para câncer de mama) contra as células cancerosas e reduz seus efeitos colaterais citotóxicos.
Epigalocatequina-3-Galato (EGCG)
Presente em maior quantidade no chá verde, contém compostos bioativos do grupo dos polifenóis.
- Estudos experimentais mostram que os polifenóis podem modular várias vias de sinalização e regular o crescimento, a sobrevivência e a metástase de células cancerosas. Dados in vitro demonstraram que os polifenóis podem induzir a morte celular programada em células de câncer de mama, seja por indução específica ou por modulação epigenética da expressão de genes relacionados à apoptose.
Ervas e Especiarias
Salsa, alecrim, orégano, tomilho, cúrcuma, curry e gengibre contêm compostos que podem ajudar a proteger contra o câncer de mama. Esses alimentos são ricos em vitaminas A, C e K, além de minerais como zinco, ferro, magnésio, cálcio e potássio. Além disso, possuem propriedades antioxidantes, antibacterianas, anti-inflamatórias e anticancerígenas.
Grãos Integrais
Quinoa, arroz integral, aveia, arroz selvagem, painço e cevada são exemplos importantes.
- Uma revisão sistemática e meta-análise realizada em 2018 sobre a associação entre a ingestão de grãos integrais e o risco de câncer de mama incluiu 11 estudos (4 de coorte e 7 de caso-controle), envolvendo 131.151 participantes e 11.589 casos da doença. Os resultados mostraram que a ingestão de grãos integrais está associada a um risco reduzido de câncer de mama.
Vegetais de Folhas Verdes
Couve, rúcula, espinafre, mostarda e acelga são alguns dos vegetais com potenciais propriedades anticancerígenas.
- Uma análise conjunta de 8 estudos de coorte realizada em 2012 compreendeu mais de 80% dos dados prospectivos publicados no mundo sobre carotenoides plasmáticos relacionados ao câncer de mama. O estudo sugere que mulheres com níveis mais elevados de α-caroteno, β-caroteno, luteína, zeaxantina, licopeno e carotenoides totais podem ter risco reduzido de câncer de mama.
- Em outro estudo realizado em 2015 sobre carotenoides plasmáticos ao longo de 20 anos com 32.826 mulheres, os autores concluíram que aquelas com alto teor de carotenoides no plasma apresentavam risco reduzido para câncer de mama, especialmente para formas mais agressivas da doença.
Folato (Vitamina B9)
Feijões, lentilhas, ervilhas, grão-de-bico, ovos e vísceras são boas fontes dessa vitamina.
- Uma análise conjunta envolvendo 23 estudos prospectivos revelou que a ingestão adequada de folato está associada a uma redução de 18% no risco de desenvolver câncer de mama.
- Além disso, uma ingestão alimentar relativamente alta foi inversamente associada ao risco de câncer no útero, ovários e endométrio.
Vitamina B6
Encontrada em carnes suínas, leite e ovos. Entre os alimentos vegetais destacam-se batata inglesa, aveia, banana, gérmen de trigo, abacate, levedo de cerveja, cereais integrais, sementes e nozes.
- Uma análise combinada realizada nos Estados Unidos com 5 estudos, incluindo 2.509 casos, mostrou que níveis elevados da forma ativa da vitamina B6 (piridoxal 5-fosfato) foram associados a uma redução de 20% no risco de câncer de mama em comparação com níveis baixos entre mulheres na pós-menopausa.
Curcumina
A cúrcuma é uma especiaria amarela utilizada na culinária asiática. A curcumina é um composto polifenólico isolado dessa especiaria.
- O efeito quimiopreventivo da curcumina em relação ao câncer de mama foi observado nas fases inicial e pós-inicial da doença, com a descoberta de que ela inibe significativamente o início do adenocarcinoma mamário.
- O uso concomitante da piperina aumenta a absorção da curcumina em até 20 vezes.
Frutas Cítricas
Laranjas, limões, limas e acerolas são ricas em compostos que podem reduzir fatores associados ao câncer de mama.
- Uma revisão sistemática quantitativa realizada em 2013 sobre a ingestão dessas frutas mostrou uma associação inversa entre seu consumo (incluindo 6 estudos com 8.393 participantes) e o risco reduzido de câncer de mama.
Vegetais Crucíferos
Brócolis, couve-flor e rúcula contêm glicosinolatos que o corpo pode converter em isotiocianatos. Esses compostos possuem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
- Um estudo realizado em abril de 2020 sobre glicosinolatos e isotiocianatos revelou que ingestões mais altas desses vegetais estão inversamente associadas ao risco de câncer de mama.
- O indol-3-carbinol, outro fitoquímico produzido pela quebra dos glicosinolatos, demonstrou ser um potente agente quimiopreventivo para o câncer.
Dieta Mediterrânea
É considerada um dos fatores modificáveis mais importantes na prevenção do câncer de mama.
- Um estudo sobre a dieta mediterrânea espanhola realizado em 2014 concluiu que esse padrão alimentar tem um papel protetor contra o risco elevado de mortalidade pela doença. Esse benefício pode ser atribuído ao efeito positivo dos nutrientes específicos na inflamação, dano ao DNA, estresse oxidativo e modificações genéticas. Esses nutrientes incluem ácidos graxos ômega-3, polifenóis, resveratrol, compostos organossulfurados, quercetina, zinco e selênio.
Evite:
- Frituras: Uma alimentação rica em alimentos fritos pode elevar o risco de desenvolver a doença.
- Carnes Processadas: Bacon, linguiça e salsicha estão associadas a um maior risco de câncer de mama.
- Açúcar Simples/Carboidratos Refinados: O açúcar refinado pode aumentar a inflamação e a expressão de enzimas relacionadas ao crescimento e disseminação do câncer.
Escrita por: Adriana Stavro – Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo
Curso de formação em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard Medical School
Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein
Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pelo Instituto Valéria Pascoal (VP) e em Fitoterapia pela Courses4U.
Atua a 10 anos em meu consultório particular localizado na chácara Klabin em São Paulo
Instagram – @adrianastavronutri