Saiba um pouco mais sobre a Tisiologia

A tisiologia é a especialidade médica dedicada a estudar a tísica ou tuberculose, doença milenar, pré-histórica, encontrada até mesmo em múmias da Grécia e da Índia antigas.

O termo “tísica” procede do grego phthisikós, que quer dizer “o que consome”. Os sintomas da doença incluem falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e dores musculares, além de tosse com secreção, febre (mais comumente ao entardecer) e suores noturnos. Em casos mais graves, há também dificuldade na respiração, eliminação de sangue (hemoptise) e acúmulo de secreção na pleura pulmonar.

A bactéria causadora da tísica, Mycobacterium tuberculosis, foi descrita pelo biólogo alemão Robert Koch pela primeira vez em 1822. A doença era comumente chamada de “Peste Branca” por ser muito contagiosa e sem tratamento medicamentoso até 1946.

A tuberculose foi a causa de morte precoce de vários artistas, músicos, escritores e personalidades históricas, como Castro Alves, Álvares de Azevedo, José de Alencar, Noel Rosa, Frederic Chopin, D. Pedro I, para citar alguns.

Na época, o tratamento consistia em ficar em um local de clima mais ameno (já que a bactéria gosta de calor), repousar e manter uma boa alimentação. Assim, surgiram dezenas de pousadas e pensões em cidades montanhosas entre São Paulo e Minas Gerais, na região de Campos do Jordão.

 

Histórico de tratamento da tisiologia

Nos hospitais, se fazia Toracoplastia e Cavernostomia, procedimentos para sufocar e matar os bacilos, que se alojam nos pulmões por preferirem ambientes quentes, úmidos e oxigenados.

A partir de 1946, com a descoberta da estreptomicina (SM), se iniciou o tratamento quimioterápico. Depois, foi introduzido ácido para-amino-salicílico (PAS) e isoniazida (INH). Usou-se por muito tempo essa tríade de medicamentos (chamada de “santíssima trindade”), com cura satisfatória em torno de 70 a 80% para o tratamento contínuo e completo.

A terapia era dolorosa: 90 injeções e diversos efeitos colaterais, como zumbidos nos ouvidos, tontura e surdez. O PAS tinha o tamanho de moeda de 1 real, não era incomum encontrar vasos sanitários das enfermarias entupidos de remédios.

Em torno de 1960, vieram os medicamentos de 2ª linha, como rifampicina, pirazinamida, etambutol e esquemas associados com hidrazida, bem como a vacina BCG para recém-nascidos, essencial para prevenir as formas graves de infecção: miliar e meningite.

Esta década também foi o auge das cirurgias torácicas. Elaborava-se um esquema de observação da resistência bacteriana e diminuição do bacilo durante 30 dias, em média, para evitar fístula brônquica pós-cirúrgica. Eram operados pacientes classificados como C1 – crônicos com possibilidade de cirurgia de lobectomia ou pneumectomia.

Até hoje, opera-se também os pacientes “sintomáticos respiratórios”, que mesmo depois de curados apresentam hemoptise, sangue nas vias aéreas e tosse sanguinolenta.

Na opinião do pneumologista e cirurgião torácico, Pedro Ricardo Umbelino, atuante na tisiologia desde o final dos anos 60, dois fatores contribuíram para o descontrole da tuberculose no Brasil: a falta de gestão dos serviços de saúde e o alastramento da AIDS, que causou aumento das formas multirresistentes da doença.

Devido ao histórico expressivo de sofrimento e combate à tísica, muitos se referiam à tisiologia como sinônimo de pneumologia. Por isso, as sociedades médicas mais tradicionais em saúde respiratória incluíram a “tisiologia” no nome – como a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), fundada em 1937.

O Brasil ainda está entre os 20 países com maior incidência de tuberculose no mundo, com média de 32,4 casos a cada 100 mil habitantes. A erradicação da doença esbarra nos problemas da desigualdade social e quantidade de grupos vulneráveis: população carcerária, portadores de imunodeficiências, pessoas com desnutrição, entre outros.

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