A Diabetes Mellitus é uma disfunção endócrina que acomete humanos e animais. É caracterizada pela falha do pâncreas na produção da insulina ou incapacidade funcional deste hormônio que atua regulando a glicose circulante que é adquirida através da dieta (alimento), gerando quadro de hiperglicemia.
Esta síndrome pode advir de uma série de doenças diferentes porém todas levam ao aumento da quantidade de glicose na circulação sanguínea, seja por não produção do hormônio ou resistência a sua atuação na célula.
Afeta principalmente animais idosos, sendo percebido o aumento da incidência da doença nos animais de companhia devido ao aumento da expectativa de vida, programas de monitoramento e prevenção e aumento dos casos de obesidade. Alguns fatores podem predispor à doença como raça, sexo (machos inteiros no caso de gatos e castrados no caso de cães), dieta desequilibrada, obesidade, uso de medicamentos antagonistas à insulina, doenças imunomediadas, amiloidose, pancreatite, doenças renais, cardíacas, metabólicas, etc.
A glicose, obtida através da digestão do alimento a partir da quebra das moléculas dos carboidratos e lipídios, circula em nosso organismo pelo sangue que irriga todos os órgãos distribui essas moléculas que servem como fonte de energia para os tecidos e células cumprirem seu funcionamento normal. Esta glicose circulante pode ser dosada no sangue, a chamada glicemia.
A glicose, em casos de animais não doentes, deve estar continuamente abastecendo os tecidos para gerar energia, ou se houver baixa necessidade de uso, esta pode ser armazenada no tecido adiposo, fígado e músculo quando metabolizada em moléculas de reserva.
Ao atingir os órgãos as moléculas de glicose devem ser transportadas para dentro das células por meio de moléculas transportadoras que são ativadas na presença da insulina produzida pelo pâncreas durante a digestão. Caso essa insulina não seja produzida corretamente, na quantidade adequada às necessidades do organismo ou não seja reconhecida pelo transportador celular, esta permanece na circulação sanguínea (hiperglicemia) podendo causar danos aos tecidos devido a sua glicotoxicidade.
Em cães os valores glicêmicos aceitáveis estão entre 60 e 120 mg/dℓ, em gatos os valores podem oscilar de 60 a 360 mg/dℓ e frutosamina menores que 400 μmol/ℓ. Gatos podem ter remissão completa da doença se tratados corretamente, porém em Cães este fato não é possível e quadro pode levá-lo à óbito se não controlado.
Os principais sinais são presença de glicose na urina onde pode haver acúmulo de formigas no local onde o animal faz suas necessidades, aumento na produção de urina (poliúria) por osmose, aumento na ingestão de água de forma compensatória devido alta produção de urina, desidratação, emagrecimento por não aproveitamento da glicose disponível, perda da sensação de saciedade por falta de energia celular conhecido com polifagia (aumento na ingestão de alimento).
Em gatos pode ser difícil os tutores perceberem os sintomas, estes tornam-se visíveis ao agravarem-se podendo evoluir para neuropatias manifestadas por falha no funcionamento dos membros posteriores, onde o felino não consegue mais subir ou descer nos móveis e este passa a apoiar completamente pelo tarso e sensibilidade ao locomover-se.
A principal forma de diagnóstico se dá a partir dos sintomas e mensuração da glicemia em jejum de 8h. Se mesmo em jejum o animal apresentar níveis elevados de açúcar no sangue estaremos diante de um paciente diabético. Em gatos o diagnóstico é mais dificultoso pois a espécie pode facilmente ter seus níveis de glicose aumentados por stress, desta forma, torna-se necessário acompanhamento e observação da hiperglicemia persistente ou dosagem de frutosamina, uma proteína glicada que tem longa meia vida, sendo valor de referência para dosagem da glicemia por um período de 21 dias em média. Pode-se dosar também corpos cetônicos (compostos circulantes) que estarão aumentados no caso de não aproveitamento da glicose. Outras alterações podem ser encontradas em exames regulares e podem estar relacionados às doenças concomitantes.
O tratamento busca reduzir os sintomas, controlar a glicemia e evitar complicações da doença.
O uso da insulina deve ser feito de forma rigorosa e controlada de acordo com níveis de glicose e de resistência apresentada por cada indivíduo, desta forma deve-se traçar uma curva glicêmica onde avalia-se as variações do nível de glicose do paciente ao longo do dia.
Por ser um doença relacionada ao processo digestivo e aproveitamento dos nutrientes, a dieta deve ser controlada e o uso da insulina deve se feita associada ao consumo alimentar para evitar casos de hipoglicemia (redução dos níveis de glicose no sangue). Superdosagem, mal armazenamento (refrigerador), perda da validade ou uso errado da insulina pode acarretar na má regulação e levar a cetoacidose e neuropatia, catarata e outras complicações da diabetes não tratada ou glicemia mal regulada.
Em gatos, se manejados corretamente há chances do animal estabilizar e poder ser tirado a insulina e o controle glicêmico será feito através do controle alimentar. Exercícios físicos podem ajudar os pacientes obesos no gasto de energia e controle da glicemia.
Estes pacientes deverão passar por testes glicêmicos periódicos a fim de avaliar sua resposta ao tratamento.
Mesmo que seu melhor amigo idoso esteja saudável e não apresente sintomas, leve seu amiguinho idoso a visitas periódicas ao médico veterinário e solicite exames diagnósticos de forma a prevenir ou detectar qualquer alteração logo no início da doença tornando o tratamento assertivo e melhorando as chances de recuperação do seu melhor amigo e contribuindo na qualidade de vida.
Colaboração: Lia Silva – estudante de veterinária, tosadora e proprietária de petshop.
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