Rodoanel: Intimações começam a incomodar moradores

O que muitos moradores que vivem no entorno do traçado do que será o Rodoanel temiam começou a acontecer: problemas relativo ao pagamento de indenizações àqueles que terão suas casas desapropriadas. Nesta semana, o operador de empilhadeira Luiz Roberto dos Santos recebeu uma intimação da concessionária a qual afirma que se o morador não apresentar uma contraproposta dentro de um curto período de tempo (15 dias), a SPMar pagará apenas 1/3 do valor do imóvel.

SPMar oferece apenas R$ 100 mil por imóvel de R$ 300 mil

Santos afirma que no site da construtora tinha os valores sugeridos dos imóveis, mas que ao ser questionada pelos moradores ela se defendeu dizendo serem aqueles apenas valores simbólicos e que o preço real seria pago para cada família. Não foi bem isso o que aconteceu. “A SPMar veio avisar que passaria o Rodoanel, depois veio um pessoal para medir e fotografar as casas. Em seguida um agente social veio entrevistar as famílias e nos deixou uma cartilha que fala que receberíamos uma indenização no valor de mercado ou o suficiente para comprarmos outro imóvel na mesma condição. O que vou fazer com R$ 100 mil em Ribeirão Pires?”, questiona o morador ao afirmar que sua casa vale cerca de R$ 300 mil.
“Se a casa para eles não tem qualquer valor, para mim tem e quero um lugar ideal para morar”, protesta Geni Pedroso Cunha, esposa de Luiz.
A SPMar se defende dizendo que está realizando o refinamento do projeto executivo, com o objetivo de minimizar o impacto social e de desapropriações. Em nota, a concessionária informou a forma como avalia o valor indenizatório: “antes de qualquer proposta de indenização os proprietários dos imóveis recebem as visitas de técnicos, que realizam os levantamentos da documentação para poder desenvolver o laudo financeiro das propriedades. Durante esta visita, os moradores informam o valor que eles consideram viável para negociação dos imóveis. Com base na documentação, características da propriedade, parâmetros técnicos, normas da ABNT e benfeitorias encontradas é feita a avaliação. O valor das desapropriações dependerá da avaliação de cada imóvel”
Questionada por ter acionado a justiça sem ao menos negociar com os moradores, a SPMar revelou que na maioria dos casos, quando os valores pedidos pelos moradores e os levantados pelos técnicos no laudo são próximos, os representantes da SPMAR iniciam a negociação. Se o morador não concordar com a proposta, o valor da indenização é decidido por meio judicial. “Entendemos que nestes casos a esfera jurídica é a forma mais adequada e eficiente para determinar o valor final”, acrescenta a empresa.
Outros moradores da localidade (Rua Camura na Vila Suely) que ainda não receberam a intimação temem que a SPMar também ofereça um valor muito inferior ao proposto pelos moradores e alegam que não é possível comprar outros imóveis na cidade com o valor imposto pela empreiteira. “O problema é que vamos ter que brigar contra uma máquina muito poderosa. Que chance nós temos?”, desabafa um vizinho que prefere não se identificar.
Agora, a população das áreas por onde o Rodoanel irá passar está preocupada com o apoio que o Poder Público Municipal poderá lhes oferecer no caso de abusos da SPMar. Desorientados, os munícipes não sabem a quem recorrer.

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