Rodeio: Matar por diversão é cultura?

Eliana Maciel de Góes

Médica Veterinária

CRMV 4534

“Um bezerro usado em uma das provas ficou paralítico depois que um peão saltou sobre ele para completar a prova chamada bulldog, que visa imobilizar o bezerro no menor tempo possível. Durante a tentativa, o peão teria quebrado a coluna cervical do animal. O bezerro, de um ano e seis meses, com 300 kg, ficou paralisado e foi sacrificado”. Esta notícia foi destaque na imprensa nos últimos dias, mas o uso de animais para “diversão” do homem existe há muito tempo.

"Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem" Art. 10º da Declaração Universal dos animais - da ONU

A grande multidão desconhece o sofrimento dos animais e os que conhecem se fazem de esquecidos. Um bezerro com pouco tempo de vida dispara pela arena assustado e um peão, muito bem paramentado com roupas de couro, montado em um ágil cavalo, o persegue e se lança sobre ele para derrubá-lo  às vezes lhe causando danos irreparáveis como o ocorrido recentemente em Barretos. Esse “grande herói” é aplaudido como se tivesse realizado um grande feito. Essa é a grande expressão de covardia de todo um povo, causar sofrimentos aos animais por dinheiro, por orgulho, exibicionismo e falta de sentimentos mais nobres. A essência do rodeio consiste em fazer o animal ter um comportamento aparentemente selvagem de modo a dificultar a montada, e isso consegue-se de uma só forma: aplicando violência física e levando os animais a uma situação de terror psicológico. Ainda que, em alguns rodeios não se usem instrumentos que provoquem dor, como as esporas, só o fato de se colocar animais de hábitos diurnos em ambientes barulhentos, cheios de luzes, em corredores apertados e, depois, um ser humano sobre eles, é uma agressão evidente.

Fica difícil definir se o pior do rodeio é sua realização ou as leis que o apóiam e outras que não protegem os animais. É claro que o rodeio no Brasil está alicerçado pelos poderosos; grandes empresários, a indústria da propaganda, dos shows e do turismo. Estes mesmos tem o poder de convencer mandatários políticos no sentido de serem favorecidos.

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