Assim como há centenas de crianças esperando vagas em creches, a longa espera também acontece no que diz respeito à atendimentos especiais. Ribeirão Pires, por exemplo, possui a APRAESPI (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência), criado há mais de 40 anos, a partir da necessidade de se ter uma escola especializada, no município, que atendesse aos portadores de deficiência. Porém, como acontecesse em todos os setores, a demanda é maior do que a oferta, o que faz com que nem todos consigam ser atendidos de imediato. Atualmente, a APRAESPI atende 530 crianças.
Em muitas escolas, algumas crianças apresentam dificuldades que interferem na aprendizagem e necessitariam de uma atenção especial. Lair Moura Sala Malavila Jucevicius, presidente da instituição, conta que com o intuito de que mais pessoas pudessem ser atendidas, já que a entidade, sozinha, não dá conta, ela foi, em 2004, até a Brasília requisitar verba para amenizar a situação. “Eu tinha conseguido um teto para o município para atender a rede de educação de deficiência intelectual, física, auditiva, enfim, todas as deficiências. A intenção era fazer uma cooperação técnica em todas as escolas. Pedi, pessoalmente, à todos os secretários de Educação que passaram pelo atual governo e nenhum deles quis fazer o convênio com a APRAESPI. Como o município não usou o dinheiro, perdeu R$1 milhão e 800 mil que viria anualmente para a área da Saúde. Quer dizer, eu sem ser deputada, vou à Brasília, consigo um teto para o município usar para atender a população e a Prefeitura não permite o uso do teto”, fala Lair, que completa: . “Isso é muito grave, porque nós temos 500 crianças esperando vaga para fazer esse atendimento. Elas não são deficientes, estão nas escolas comuns e têm uma determinada dificuldade que precisaria fazer um atendimento especializado na área da Saúde, e nós não conseguimos fazer porque não cabe na APRAESPI”.
Lair citou a história de um garoto, residente em Ouro Fino, que apresenta visão subnormal. Ele frequentou a Escola Sebastião Vayego até a 4ª série e após a conclusão foi para a estadual Casemiro da Rocha. “A criança continua inadequada porque ela não tem a lupa e não consegue enxergar”. Ao ter conhecimento desse caso, a APRAESPI marcou uma avaliação com o menino, que aconteceu no último dia 12. “Porque a Prefeitura não se preocupou com essa criança? O Ministério da Educação tem um programa para oferecer a lupa, a APRAESPI já teria conseguido isso há muito tempo, mas só ficamos sabendo agora. É um desrespeito com as crianças do nosso município, as escolas as deixam sem aprender nada. Há uma distorção imensa no nosso município que eu gostaria que fosse equacionada, principalmente para respeitar melhor as crianças e dar o que elas precisam. Eu tinha intenção de ser deputada federal por conta disso, mas mesmo não sendo deputada, vou continuar lutando muito”, finaliza Lair.
Secretaria de Educação – Questionada se foi procurada por Lair para solicitação de convênio com a APRAESPI, a atual secretária de Educação e Cultura de Ribeirão Pires, Rosi Ribeiro de Marco, disse que com ela, não houve nenhuma reunião. “Isso foi uma questão lá de 2005 que ela (Lair) está revivendo. Eu preciso ver o que de fato aconteceu, levantar todo esse processo, porque não fazia parte da minha gestão. Comigo não teve nenhuma reunião”.
Perguntada sobre o que é feito com crianças que possuem alguma dificuldade, como o caso do garoto citado por Lair, que tem visão subnormal, Rosi falou sobre a parceria, realizada em junho deste ano, entre a Faculdade de Medicina do ABC e as secretarias de Educação e Cultura e Saúde e Higiene do município, que encaminhou todas as crianças com problema de visão para fazer um teste e distribuiu, gratuitamente, óculos para 79 estudantes da rede pública de ensino. Aqueles que precisavam de tratamento foram encaminhados para acompanhamento de profissionais do Departamento de Oftalmologia da Faculdade.