Quando a Diversidade silenciou a Intolerância

Por Thiago Quirino – Jornalista e Secretário de Comunicação de Ribeirão Pires

O dia 24 de junho de 2014 deveria entrar para a história de Ribeirão Pires. Este foi o dia em que a intolerância e os preconceitos velados foram combatidos com classe e destreza linguística.

Sou ex-integrante do time de jornalistas do Mais Notícias. Trabalhei neste jornal por alguns anos, tempo onde assinei inúmeras matérias, porém essa é a primeira vez em que ocupo esse espaço para manifestar meu pensamento. E justamente nesse momento elevo minha voz em solidariedade à consciência de agentes que defendem a Liberdade e a Diversidade em seu modelo mais amplo.

Sou testemunha da ousadia de um colega de profissão, o jornalista Wagner Lima, que desafiando a cegueira coletiva e intolerante de grupos conservadores, expos o que realmente significa DIVERSIDADE. Para que o leitor entenda a situação, explico: ontem, dia 24, entrou em discussão na Câmara Municipal de Ribeirão Pires o Plano Municipal de Educação, um conjunto de ideias que nortearão o desenvolvimento da educação municipal ao longo dos próximos 10 anos. Dentre as diretrizes, o Artigo 2 faz referência à “promoção da educação em seus direitos humanos, com respeito, à sustentabilidade socioambiental e econômica e a promoção de ações contra discriminação de qualquer natureza em relação às minorias, garantidos na Constituição Federal”. Esse simples trecho foi interpretado por um grupo ligado a vertentes religiosas como ofensivo por entenderem que tal redação abre espaço para que crianças sejam incentivadas a expressar anseios sexuais homoafetivos ainda na tenra idade.

Wagner, como presidente de um grupo de amparo ligado ao movimento LGBT, deu uma verdadeira aula de tolerância e defesa das liberdades pessoais e coletivas ao apontar que “erroneamente a palavra Diversidade é associada à Diversidade Sexual e de forma preconceituosa apontada como ‘coisa de gay’”. Como bem destacado pelo jornalista, a palavra Diversidade vai além, envolvendo uma pluralidade de significados: diversidade cultural, diversidade biológica, diversidade étnica, linguística, religiosa, etc.

O PME não se remete à Diversidade Sexual. O Plano não discute questões de gênero, mas sim de desenvolvimento educacional, o que pais e líderes religiosos decidiram ignorar, atribuindo ao Plano intenções inexistentes. Coube então ao jornalista colocar cada um em seu lugar ao esclarecer: “A ideologia de Gênero é uma discussão que está sendo promovida no Congresso e nada tem com o PME, que apresenta apenas a difusão e combate à discriminação das Minorias. Dentro das unidades de ensino devem ser trabalhados junto aos estudantes, projetos que combatam a intolerância e o preconceito, um bom exemplo, é a intolerância religiosa que vem crescendo em nossa sociedade”.

Em uma sociedade preconceituosa e machista, cada vez mais se faz necessário a criação de medidas que garantam das liberdades. Por isso tantas leis e iniciativas como a Lei Maria da Penha e a Promoção da Liberdade Religiosa defendida por líderes espirituais de todo o globo.

O importante a frisar é que estamos discutindo o futuro da educação de nossas crianças. Espero que meus filhos recebam instruções que os façam defensores do artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e que isso comece cedo, inclusive as liberdades de pensamento voltadas à religião, raça, origens e claro, gênero.

Parabéns Wagner, você tem meu apoio e me representa.

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