Professor Chiquinho lança livro ”Democracia, o Mito sob a Manipulação do Poder”

Há 40 anos escrevendo e estudando a política, o Professor Chiquinho está lançando um novo livro, chamado “Democracia, o Mito sob a Manipulação do Poder – Saga Subjugada pela Desfaçatez do Populismo”.

Em entrevista ao Mais Notícias, ele fala sobre a obra e faz uma análise sobre a Democracia, especialmente a da América Latina, que está em xeque nos últimos tempos.

Mais Notícias – Há quantos anos você escreve? Fale sobre sua trajetória

Prof. Chiquinho– Estou celebrando esse ano, 40 anos de literatura política. Eu comecei no final da década de 70, escrevendo pequenos poemas. E nessa época eu fazia parte do movimento da igreja criado por Dom Cláudio Hummes em que fazíamos umas palestras no TLC, que é o Treinamento de Lideranças Cristãs. Nisso, eu observava a movimentação política da época em plena ditadura. Naquele tempo, me veio essa vontade de escrever sobre a questão política. Foi com um artigo que inclusive está no livro, “Desvendando o Enigma”, está na página 27. Em 1984 eu lancei também um livro de poesia. No final da década de 70, eu comecei a escrever mais sobre a literatura política e não parei mais. E é exatamente essa celebração que quero fazer com esse livro aqui sobre a democracia, que hoje está em crise não só na América Latina, mas no mundo inteiro, pois ela é manipulada. Quando você se estabelece no poder, você cria a força que você quer, porque a política é uma correlação de forças. Então, a democracia é fruto disso.

MN – Do que trata seu novo livro?

PC – O livro é uma narrativa sobre a manipulação do poder, uma saga subjugada pela desfaçatez do populismo, que é a prática da política que se emprega principalmente nos países emergentes, responsável por toda essa tragédia que hoje tem na América Latina, porque são países pobres, países endividados que lutam a cada eleição para sair do lugar, mas não saem, pois têm muitas dívidas e personagens que querem se perpetuar no poder. Fala-se em direita, esquerda, centro, ultradireita, ultraesquerda, mas, para mim, não existe nada disso. O que existe, na verdade, é um cenário de oportunismo dos personagens políticos com relação a essas narrativas, questões ideológicas. Perceba que, em todas as eleições, seja elas gerais ou municipais, a pauta é a mesma: os eternos problemas de educação, saúde, segurança, emprego, empobrecimento, a desigualdade social. Ninguém conserta isso. Nós temos agora a Agenda 2030, cujo primeiro ponto é acabar com a desigualdade social. Não tenho certeza se vai acontecer, tudo isso para mim é panfletagem. Quase certeza que não vai acontecer assim, do dia para noite, nós temos que ter mais aí um século ou dois.

O livro também trata dessa questão, porque a democracia não é só o direito, é ter seus benefícios garantidos, sua necessidade básica de sobrevivência garantida. Mas no dia a dia, temos um salário-mínimo que é inconstitucional. Está aí, mas não serve (ao que é estabelecido em lei).

MN – Fale mais sobre o tema da publicação

PC – A minha temática são os assuntos políticos do dia a dia. E o público-alvo sempre é a população, especialmente a de baixa renda, praticamente 80% da população que tem de matar dois leões por dia para sobreviver.

Eu pesquisei muito a América Latina, sobre Populismo, algo que engana muito. A política tem que ser diferente disso, é possível fazer diferente disso. Vou citar o Brasil, por ter mais conhecimento com relação à concentração de renda com aposentados e pessoas empregadas trabalhando 30 dias para ganhar um salário-mínimo de R$ 1.412. A projeção para 2025 é de R$ 1.502, um aumento de R$ 97, algo ínfimo.

Eu nem sei o nome de que se pode dar para isso. Uma coisa escandalosa na verdade. Terceira categoria. Foi colocada em narrativa pelo nosso atual presidente e por outros também. A minha literatura política é para o sistema, não para nenhum partido político. Aliás, não sou agregado a nenhum partido político e nenhuma ideologia. A minha ideologia é o humanismo. A política pode ser melhor, o problema é uma questão de ego, poder, dinheiro. Existe um grupo no mundo, que concentra a maior parte do PIB no mundo e os países estão cada vez mais endividados. Enfim, uma população desatenta é tudo que o sistema quer.

MN  – Qual a importância desse debate na sociedade atual?

PC – Todo escritor é um formador de opinião, independente do tema que escreve. Mas, quando se escreve sobre política, essa formação de opinião é bastante significativa porque quando você deixa as coisas soltas demais, você cria uma inércia. Tudo acontecendo, e você deixa para lá, o que é o caso da realidade brasileira e de alguns países pobres no mundo. A África está cheio disso, e não evolui porque não se estuda a política. Estudar sobre a política não significa estar atrelado a um partido político ou adotar uma ideologia. Não é nada disso. Hoje, eu não tenho nenhum partido, mas já estive, fui sindicalista, inclusive. E já tive também uma ideologia. Se você perguntar para mim, qual é a diferença da esquerda para a direita? Eu vou te falar que são semelhantes. Tudo é populismo, um populismo muito barato. A questão da esquerda, da direita foi desenhada para confundir a cabeça e fragmentar da sociedade. Então o sistema deita e rola exatamente por isso. É um mecanismo bem bolado e a população não sabe disso. Vai penar muito ainda, porque não vai aprender tão fácil. Eu estou com 66 anos e até hoje vejo que estamos no mesmo lugar. Portanto, o objetivo do livro é esse: fazer a sociedade pensar.

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