Picada de Escorpiões: saiba como se proteger

Os escorpiões são artrópodes de fácil identificação devido a sua aparência bastante peculiar. Possui patas articuladas com um par de pinças nos membros anteriores e cauda em cuja extremidade encontra-se par de glândulas que produz o veneno e o aparelho inoculador, popularmente conhecido como ferrão. 

Todos os escorpiões (1600 espécies) produzem toxinas, mas apenas 25 podem ser mortais aos humanos. No Brasil, entre as 100 espécies nativas, 3 são de interesse médico: escorpião-amarelo, escorpião-marrom e escorpião-do-nordeste.

A principal fonte de alimento dos escorpiões são os insetos e pequenos animais, como aranhas, grilos, pássaros, roedores e baratas, podendo alimentar-se também de outros escorpiões. Durante a captura de sua presa, o escorpião dá golpes rápidos com a cauda na vítima e só se alimenta de presas vivas. Assim, a função do veneno é a de imobilizar a presa para poder segurá-la com as pinças e iniciar a refeição. 

Os principais predadores naturais do escorpião são lacraias, sapos, gaviões, corujas, macacos, lagartos, galinhas e camundongos.

Os escorpiões possuem hábitos noturnos e costumam ficar em locais úmidos, quentes e escuros. No ambiente urbano, os escorpiões se escondem em locais que se assemelham à condição da natureza como vãos, frestas, buracos e entulhos como por exemplo subsolo de edificações, imóveis inacabados, galerias de esgoto domiciliar, materiais de construção e vasos de plantas.

Nas residências podem ser encontrados em locais próximos a ralos, vigas, sótãos, forros, espaços atrás de móveis e telas podem atrair escorpiões. Cemitérios e terrenos baldios também são considerados áreas vulneráveis, além de praças e áreas externas de domicílios mal conservadas.

A ocorrência de acidentes com escorpião deve-se à ocupação irregular do solo e descarte inadequado de lixo especialmente material de construção, que atrai insetos e animais como baratas que serve como fonte de alimento natural para o escorpião segundo informações da secretaria municipal da cidade de São Paulo.

O número de acidentes com escorpiões na cidade de São Paulo, resultando em picada, aumentou 29,67% no primeiro semestre deste ano na comparação com o ano passado. De janeiro a junho desde ano, foram 118 acidentes. Em 2018, foram 91 acidentes no mesmo período. Os dados foram obtidos do site da EBC e as informações fornecidos pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo, com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do governo federal.

Como principais medidas preventivas à infestação de escorpiões, é aconselhável manter jardins e quintais limpos; evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das casas; evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas; manter a grama aparada; limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas; 

Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo; não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. Usar calçados e luvas de raspas de couro para atividades em que seja preciso colocar a mão e pisar em buracos, entulhos e pedras; 

Para evitar sua entrada nas casas, deve-se vedar as soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer devido a seus hábitos noturnos; usar telas em ralos do chão, pias ou tanques; vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e as paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas, colocar telas nas janelas.

Deve-se afastar as camas e berços das paredes; não pendurar roupas nas paredes; acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, moscas ou outros insetos que servem de alimento para os escorpiões.

Em caso de acidentes, ou seja, picada do escorpião, a recomendação é lavar a região atingida com água e sabão, manter uma compressa morna no local ferido e buscar atendimento médico imediato. 

Não deve-se usar garrote, nem cortar ou perfurar ao redor da lesão. Nunca deve ser colocado gelo no ferimento ou tentar sugar o veneno. Ideal retirar sapato, anel, pulseira ou fitas que funcionem como torniquete e se possível, com segurança, levar o animal para identificação ou fotografar o mesmo para identificação.

As reações podem variar em graus de leve, moderado a intenso de acordo com o peso do indivíduo picado e quantidade de veneno inoculado no momento da picada. 

Os sintomas mais comuns ao ataque do animal são dor forte e intensa no local da picada, vermelhidão,  sensação de formigamento, inchaço leve, piloereção (pelos em pé) e sudorese (suor). Pouco tempo depois do aparecimento dos sintomas no local da picada, o veneno pode ser absorvido na circulação sanguínea e causar manifestações sistêmicas, particularmente em animais e crianças. São sinais de alerta sudorese em todo o corpo, agitação, hiper salivação, náuseas e vômitos. Com a evolução do quadro, pode haver hiper ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, edema agudo pulmonar e choque e os sintomas podem variar de uma pessoa para outra, mas 

O tratamento é realizado por meio do soro antiescorpiônico e sintomático como analgésicos e antiinflamatórios.

O Hospital Vital Brasil, do Instituto Butantã, referência em atendimento em casos de acidentes com animais peçonhentos, atende 24 horas, todas as ocorrências incluindo acidentes com escorpiões, além de dar orientações por telefone (11) 3723-6969, (11) 2627-9529, (11) 2627-9530

Caso perceba a presença de escorpiões na sua região, entre em contato com a Defesa Civil ou Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) municipal. As atividades de controle estão sob responsabilidade das equipes de saúde locais e envolvem busca ativa de animais, ou seja, a coleta e remoção dos escorpiões do ambiente, sejam em áreas internas de edificações ou externas e limpeza dos ambientes para diminuição das baratas, tornando o ambiente desfavorável à sobrevivência e proliferação dos escorpiões. As atividades de controle devem ser realizadas com equipamentos de proteção individual apropriados e, no caso de coleta em período noturno, lanternas de luz ultravioleta que facilitam a visualização dos animais.

Colaboração: Lia Silva – estudante de veterinária, tosadora e proprietária de petshop.

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