Peritonite Infecciosa Felina: conheça esta coronavirose

A peritonite infecciosa felina (PIF) é uma doença imunomediada, desencadeada por formas mutadas do coronavírus felino (FCoV). Por ser uma doença comum e fatal, situação se dá por não haver cuidados efetivos a longo prazo e nenhum teste até o momento é capaz de definir o diagnóstico de PIF nos pacientes. A dificuldade de se obter diagnóstico definitivo se deve à especificidade dos sintomas que são similares ao de muitas doenças.

Sugere-se que a expectativa de vida dos gatos com PIF seja cerca de 2 a 5 semanas após o início das manifestações clínicas.

A infecção por coronavírus entre os felinos domésticos é comum, particularmente em gatos provenientes de abrigos e criadouros, podendo atingir soroprevalência superior a 90%. Em gatos que vivem isoladamente e em gatos errantes, a soroprevalência cai para cerca de 50%, devido ao hábito solitário deles. Apesar da alta prevalência, apenas cerca 5 a 10% dos gatos infectados pelo FCoV desenvolvem PIF em condições de colônias podendo ser assintomáticos. Essa porcentagem é ainda menor em gatos que vivem de maneira isolada.

Machos não castrados também têm maior risco de desenvolver a doença, talvez pelo maior estresse sofrido por eles em decorrência de brigas e do estado de alerta constante.

A idade é um fator de risco importante, considerando-se que cerca de 70% dos gatos que apresentam PIF têm menos de 1 ano. Entretanto, há relatos de PIF em felinos idosos (> 17 anos) e em animais com baixa imunidade. Fatores estressantes durante a infecção pelo FCoV, tais como procedimentos cirúrgicos, alterações no ambiente, coinfecção pelo vírus da leucemia felina (FeLV) e da imunodeficiência felina (FIV), doenças infecciosas crônicas e desnutrição, podem predispor ao desenvolvimento da PIF. O manejo do estresse e o controle de outras infecções em colônias de gatos são essenciais para o controle da PIF.

Em criadouros, os filhotes normalmente são infectados logo no início da vida, geralmente após a 5ª ou 6ª semana de vida, quando as concentrações de anticorpos maternos diminuem sendo a mãe quase sempre a fonte de infecção.

As fezes são a maior fonte de FCoV, sendo o principal modo de transmissão a via orofecal. As caixas sanitárias são, portanto, o reservatório central do vírus nas colônias de gatos. Em infecção recente, é possível que o vírus seja encontrado na saliva do animal infectado (vírus se replica, inicialmente nas tonsilas), nas secreções respiratórias e na urina. Logo, a infecção via saliva e aerossóis pode surgir em colônias, onde o compartilhamento de vasilhas de alimento é comum.

A maioria dos felinos infectados pelo FCoV é assintomática ou demonstra sinais de gastrenterite branda. Apenas uma pequena proporção desenvolve PIF.

Anteriormente, acreditava-se que existissem dois tipos de coronavírus felino, o coronavírus entérico felino (FECV) e o vírus da peritonite infecciosa felina (FIPV). Atualmente, sabe-se que o FIPV se desenvolve, espontaneamente, a partir do FECV nos gatos infectados. Logo, ambos são idênticos em relação às suas propriedades antigênicas, mas diferem em relação a doença causada. É exatamente por isso que o termo coronavírus felino deve ser utilizado para descrever todas as coronaviroses nessa espécie.

Coronavirose entérica felina

Após a infecção pelo FCoV pode haver um episódio curto de manifestações clínicas relacionadas com o trato respiratório anterior, as quais normalmente são brandas e não chamam a atenção dos proprietários.

Pode haver diarreia ou êmese transitórias como resultado da replicação do FCoV nas células intestinais. No entanto, a maioria dos gatos infectados por esse vírus é assintomática.

Peritonite infecciosa felina

As manifestações clínicas da PIF são inespecíficas, em decorrência da distribuição variada das lesões internas e do surgimento de vasculite em diferentes órgãos e sistemas, como rins, fígado, pâncreas, olhos e sistema nervoso central.

Em todos os gatos com manifestações clínicas inespecíficas, como perda de peso crônica ou febre refratária à antibioticoterapia, a PIF deve ser incluída na lista dos diagnósticos diferenciais.

A prevenção da infecção pelo FCoV ainda não pode ser garantida por vacinação. Por isso, uma série de medidas deve ser tomada em conjunto, a fim de reduzir a manifestação do vírus e o risco de transmissão.

Raramente a PIF é um problema em gatos que vivem um estilo de vida indoor-outdoor, tendo como foco principal as colônias de gatos – abrigos e criadouros. A infecção pelo FCoV é mantida nestas por meio de novas infecções e reinfecções, e a caixa sanitária é a maior fonte de FCoV.

Desta forma, higiene é ainda o melhor método de se prevenir a peritonite infecciosa felina e as demais viroses que afetam não só animais como também viroses humanas.

Colaboração: Lia Silva – estudante de veterinária, tosadora e proprietária de petshop.

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