*Por Fernando Pinho, economista e consultor financeiro.
As últimas três décadas deixaram marcas profundas no processo de transmissão de heranças no Brasil, gerando uma brutal dilapidação de patrimônios e consequente empobrecimento das famílias outrora abastadas. Pelo que se observa, a origem dos problemas foi e continua sendo a total ausência de preparo dos futuros herdeiros, visando à assunção das heranças, bem como uma incapacidade dos pais em passar aos respectivos filhos valores morais, éticos e técnicos visando capacitá-los à empreitada. Criou-se um mito de que herdeiro não precisa capacitar-se. Basta receber o legado e gastá-lo sem nenhum critério objetivo. Ingenuidade infantil!!!
A preparação dos herdeiros para um processo bem estruturado de sucessão familiar envolve muito trabalho de todos, além da contratação de bons profissionais para assessoria, aliados ao empenho pessoal de cada herdeiro, objetivando obter alta capacitação. É estarrecedor observar que esses “candidatos a herdeiros” têm uma rotina de vida totalmente inadequada em relação à que deveriam ter. O que mais ocorre é encontrar pessoas com baixo nível de escolaridade, falta de leitura consistente de bons jornais, revistas e livros de boa qualidade, ausência de princípios básicos de organização da vida pessoal, não participação em eventos ligados à análise dos ambientes sócio/político/econômico, carência de visão internacional do mundo dos negócios, além da já velha e conhecida falta de fluência em idiomas estrangeiros e a ignorância absoluta no tocante ao conhecimento dos fundamentos de Psicologia Econômica, o que faz com que essas pessoas se tornem presas fáceis do consumismo desenfreado, além do mau uso do tempo dito ocioso. Despreparo total!!!
A não-percepção do fato de que o Brasil mudou continua e continuará levando muitas famílias à ruína financeira, ao mesmo tempo que abrirá um leque de oportunidades para os que estiverem preparados para os novos tempos (infelizmente poucos). Os próximos 2 ou 3 anos deverão ser de muita austeridade econômica no país, tanto no âmbito das Finanças Públicas, quanto dos entes privados, já que os estragos provocados pela permanentemente claudicante heterodoxia financeira (denominada Nova Matriz Econômica) foram imensos. Exatamente como ocorreu e continua ocorrendo em Cuba, Argentina, Venezuela, Equador e Rússia.
Para quem percebeu os problemas que claramente avizinhavam-se nos últimos anos e capitalizou-se, inicia-se um ótimo período para a conclusão de bons negócios e assim aumentar os patrimônios, com baixo nível de risco. Parafraseando o bilionário norte-americano Warren Buffett, no livro “A Bola de Neve – Warren Buffett e o Negócio da Vida” – (Editora Sextante): “É nas ressacas que se descobre quem estava nadando sem roupa”. Quem tiver perspicácia será bem-sucedido, pois nada como uma boa crise para “diferenciar os homens dos meninos”.