Que a biodiversidade brasileira corre perigo, todo mundo sabe. Há séculos o desmatamento tem riscado do mapa diversas espécies de animais e plantas. Mas outra constatação começa a causar espanto. Além da devastação causada pelo homem, outro fator se mostra cada vez mais deletério: a invasão de espécies exóticas – ou seja, aquelas totalmente estranhas ao lugar onde são colocadas, geralmente trazidas de outros países ou continentes. Estas espécies têm afetado o ecossistema dos rios, lagos e represas, rompendo cadeias ecológicas e ciclos de água, causando incêndios misteriosos e alterando a composição química do solo.
O mais grave é que 85% dos clandestinos foram trazidos propositadamente como mostram os exemplos a seguir:
Lebre Europeia: Trazida do velho mundo para a Argentina, migrou para o Brasil, onde destrói plantações em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Também ameaça o coelho, a ponto de exterminá-lo em diversas regiões. Por isso, sua caça é legalizada no País. Mas ela é difícil de capturar, já que tem hábitos noturnos.
Javali Selvagem: Vindo da Europa foi importado com vistas à venda de sua carne. Alguns fugiram e originaram populações selvagens no Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Pesam 150 quilos, são agressivos e expulsam os porcos-do-mato e danificam as florestas.
Capim Gordura: Originário da África, ele invade lavouras, florestas, terrenos baldios e beira de estradas, crescendo por cima da vegetação nativa. A sombra que provoca mata as espécies locais da flora e da fauna, além de ocasionar incêndios no cerrado, dizimando plantas nativas e sementes preexistentes.
Caramujo Gigante Africano: Caracol que entrou ilegalmente no Brasil como opção econômica do escargot, mas não deu certo comercialmente. Hoje contamina frutas e verduras, além de disseminar doenças.
Carpa: Nativa da Europa e do Leste da Ásia, não se contenta em comer larvas, ovos e outros peixes. Destrói também a vegetação e revolve os sedimentos do fundo de rios e lagos, deteriorando o habitat de muitas espécies nativas. Também é hospedeira do parasita L. cyprinacea, que adoece peixes nativos e exóticos das águas doces do país.
Eliana Maciel de Góes
Médica Veterinária
CRMV 4534