Quem trafegou por Ribeirão Pires nos últimos dias presenciou uma série de fatos estranhos acontecendo paralelamente. Vias congestionadas no Centro Alto, novo radar instalado no Centro, placas que reduzem drasticamente a velocidade, epidemia de vagas de carga e descarga, enfim, da noite para o dia o trânsito da cidade com uma frota de pouco mais de 50 mil veículos se tornou caótico.
Devido ao Mais Notícias ser um dos percussores de uma singela porém bem sucedida Campanha de Trânsito, nossa equipe de redatores foi questionada sobre a qualidade do planejamento da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito e de como o dinheiro arrecadado pela Pasta é aplicado no Município. Procuramos um especialista no assunto para comentar os gastos públicos no setor e, embora esta fonte prefira ficar no anonimato, reproduzimos aqui sua avaliação.
Segundo o perito, o orçamento previsto do Trânsito, que em 2012 é de R$5.325.500,00 deve ser gasto tendo em vista o tripé: Educação no Trânsito, Engenharia de Tráfego e Fiscalização. O que vemos hoje em dia foge muito desse perfil. “Em todos esses anos em que acompanho o desenvolvimento do Trânsito na cidade, nunca vi uma única campanha educativa para os condutores”, revela o especialista.
Se a regra do tripé fosse utilizada, toda a arrecadação com multas de 2011, que chegou a soma de R$2.593.345,76 tendo processado mais de 27 mil autuações (as principais infrações registradas em 2011 foram: estacionar em local proibido, ultrapassar sinal vermelho, não usar cinto de segurança e excesso de velocidade), deveria ser dividida visando a prevenção e a segurança. “O que vemos é um gasto, em muitos casos desnecessário, de recursos. Há um verdadeiro desperdício correndo em paralelo com um sistema de aplicação de multa infundado”, comentou a fonte. Sua afirmação tem sentido quando analisamos o valor gasto em pintura de faixas de pedestres. O serviço custa, em média, R$ 65 o metro quadrado, tomando por base a medida padrão média de 44m² em cada faixa, a Prefeitura gasta cerca de 2.860 em cada travessia simples, ou seja, só no miolo central que vai da Prefeitura à estação ferroviária, o gasto com as faixas de pedestre foi de aproximadamente R$ 143 mil, mas e o resto da aplicação?
A Prefeitura responde: “Os valores arrecadados são revertidos para a manutenção do próprio sistema viário da cidade, como sinalização, placas, semáforos, radares, tapa buracos, gastos com energia, entre outros. Todo o montante arrecadado com trânsito é destinado ao trânsito”. Assim, a própria Municipalidade assume que não investe em Educação no Trânsito e Engenharia de Tráfego, deixando o investimento desequilibrado, o que resulta no estado caótico em que vivemos atualmente.
Um novo radar foi instalado na Avenida Francisco Monteiro, próximo à Avenida Fortuna. O equipamento funciona numa espécie de locação onde a Prefeitura deverá pagar, segundo informou o perito, um valor mensal de R$ 5 mil. Para “valer a pena” a instalação do equipamento, é preciso ter autuações, que gerem arrecadação, que cubram o valor aplicado. Ou seja, “esse radar instalado onde está, economicamente não traz resultado, além do que é obviamente desnecessário”, avalia o especialista.
A mesma pessoa que avaliou toda a situação mostra sugestões sobre o que deve ser feito para que enfim encontremos o equilíbrio entre investimento e resultado. “O que tem causado os problemas é a falta de planejamento adequado das ações que serão realizadas no Município. Se houvesse um estudo e posteriormente uma avaliação antes de implementarem alguma nova sinalização, certamente gastaríamos menos com ações desnecessárias”.
Agora, gostaríamos que você, caro leitor, também fizesse sua contribuição. Além de respeitar as regras de trânsito como um bom cidadão, abrimos espaço no Mais Notícias para que você também sugira melhorias. Entre em contato conosco pelo telefone (11) 4828-7570 ou por e-mail ([email protected]), faça sugestões, envie críticas. Encaminharemos todos os apontamentos direto para o Secretário de Trânsito, o tenente José Vicente de Almeida Moraes.