O inferno de RH

O inferno da área de RH é a tarefa quase permanente de selecionar pessoas e preencher vagas. Considerando que este processo é o mais importante para qualquer empresa, quando ele precisa ser executado de forma rápida e sob pressão, aumenta-se a probabilidade do erro. Vagas precisam ser preenchidas rapidamente, pessoas são selecionadas sem todos os cuidados necessários, muitos erros são cometidos, novas vagas são abertas e o ciclo perverso se completa. Conheço várias áreas de RH que jamais saem desta ciranda, descontentando seus clientes internos, a direção da empresa e perdendo o foco em outros processos importantes, como treinamento e avaliação de desempenho. O que fazer para romper este círculo vicioso, ainda mais quando estamos frente a um sistema educacional que forma profissionais cada vez mais desqualificados? A resposta não é fácil, mas o primeiro passo é reconhecer esta seleção incessante como um grave problema. Muitos gestores de RH e dirigentes não identificam esta busca como algo pernicioso para a empresa, logo este pensamento equivocado garante a continuidade do problema.

Entendida como um problema, esta seleção viciada precisa ter suas causas identificadas. Embora estas causas variem conforme a situação da empresa, é causa comum à maioria o cuidado quase inexistente com as “categorias de base”, isto é, a seleção dos cargos onde os profissionais mais simples e jovens adentram nas organizações: boys, trainees, ajudantes, balconistas, assistentes, etc. Normalmente ninguém entende que é mais importante selecionar pessoas certas para estes cargos simples do que selecionar gerentes e diretores. E também poucos entendem que se uma empresa selecionar jovens excelentes e tiver um ótimo processo de integração, treinamento, desenvolvimento e avaliação de desempenho, terá formado a maioria dos profissionais de nível técnico e gerencial de que precisa para o futuro. Pessoas que recebem suas primeiras chances em uma empresa tendem a criar vínculos mais fortes com ela do que simplesmente figurões “prontos” trazidos do mercado, algumas vezes a peso de ouro.

Mas como podem fazer esta tarefa empresas pequenas? Ou empresas que estão precisando de gente preparada com urgência? A resposta é curta e clara: começando! Se precisar trazer gente pronta para o curto prazo, traga, mas não se esqueça de começar sua “escolinha” para nunca mais precisar catar na rua quem você precisa. Se você é pequeno, mais rápido você precisa começar. Invista, pague salários mais altos para seus jovens talentos e prepare-os. Alguns irão embora, mas aqueles que ficarem contribuirão decisivamente para o crescimento da empresa. Só há uma forma duradoura para se obter resultados melhores: ter gente melhor trabalhando para a empresa. Qual seria a outra forma? Qual seria o outro milagre? Acha caro? Então, perdeu seu tempo lendo este texto. O que é caro mesmo é a ignorância e a mediocridade!

Paulo Ricardo Mubarack é Consultor de Gestão, Qualidade e Administração de Pessoas

 

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