O Brasil tem, neste exato momento, oportunidade excepcional para se reinventar. São as eleições para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. É o fórum adequado para rever caminhos, corrigir equívocos e alinhar os rumos do país com as expectativas dos cidadãos de mais justiça, dignidade, transparência e modernidade.
Não são apenas quatro anos que estão em jogo. Votar certo ou errado pode ter desdobramentos por décadas. Portanto, não podemos nos dar o direito de errar. Esse é um compromisso de honra por nós mesmos, por nossos familiares e amigos, por nossos filhos e pelas gerações futuras.
Nós médicos, particularmente, jogamos papel de relevância no processo eleitoral. Conhecemos as mazelas do sistema de saúde, as dificuldades para o exercício da medicina, o drama dos usuários. Ao mesmo tempo, sabemos o que precisa ser feito para a construção de uma assistência universal, integral e de qualidade. Então, temos em mãos o diagnóstico e o que prescrever para um prognóstico melhor.
O paciente Brasil exige mais financiamento para a saúde; precisa de condições dignas para o exercício da medicina e de valorização dos recursos humanos. Requer, ainda, relações equilibradas no sistema suplementar, com normas claras de reajuste para prestadores e ampliação do rol de cobertura à comunidade. Entre tantas outras urgências, necessita também estancar a abertura indiscriminada de escolas médicas e moralizar as estruturas de formação. Tudo isso certamente possibilitaria uma gestão mais adequada e resultados melhores, com satisfação nossa e de nossos pacientes.
Enfim, a receita para a saúde do país foi prescrita recentemente no Encontro Nacional das Entidades Médicas, o Enem. Lá, temos uma espécie de programa mínimo capaz de solucionar os graves problemas da assistência, de garantir à medicina condições para a prática segura e eficaz. Sendo assim, é por essa receita que devemos nos guiar na definição de nosso voto.
Políticos comprometidos com as bandeiras dos médicos, e de suas entidades, merecem nosso crédito. Mas não se deixe enganar apenas por palavras. Consulte a vida de seu candidato, veja o que já fez (e o que faz), de fato, pela medicina e a saúde.
Cheque também sua coerência histórica e verifique se seus atos refletem suas palavras; e vice-versa. Se ele já teve algum cargo público, pesquise de novo – e ainda com mais cuidado – o que fez (se fez) em prol dos pacientes, da medicina, da saúde.
Votar certo é o remédio para o nosso país. Você, como eu, deve saber: o Brasil tem cura; e ela pode ser breve. Depende de nós e de todos que estão próximos a nós.
Jorge Carlos Machado Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina