Existe um caso sequer, em algum lugar do planeta ou em algum momento da história, comprovando que dinheiro comprou amor? Você sabe de algum caso em que o dinheiro fez com que alguém amasse outro alguém ou algo verdadeiramente?
A resposta é não, nunca houve e não há na humanidade um exemplo que seja de que o dinheiro tenha comprado amor de verdade. O dinheiro já comprou até a honra de certas pessoas. Já comprou dignidade, traições, sexo, jóias, assassinatos, mas nunca comprou amor de verdade. Talvez esta constatação fácil represente a última e mais forte resistência do ser humano ao materialismo completo.
Em uma palestra, um participante afirmou que “todo homem tem seu preço!”. Eu perguntei a ele: “por quanto você venderia seu filho?”. Ele calou-se e, embora alguns até vendam, muitos outros nem admitem esta conversa, tem asco por este assunto, provando mais uma vez que dinheiro não compra amor.
E qual a relação desta matéria com o mundo dos negócios? Já vi muitas vezes funcionários chorarem nas empresas por um trabalho bem feito, após uma conquista ou uma derrota. Este vínculo não tem preço e não está à venda. Esta é a vinculação. Empresas inteligentes estabelecem com seus profissionais um laço de relacionamento que traz poderosíssimos recursos para o trabalho: o amor, a admiração pela empresa, o vínculo sentimental além do mero “paga que eu trabalho”. Nunca se fez nada perfeito nem grandioso sem amor à obra. E, de quebra, é muito mais gratificante obter lucro amando o que se faz e onde se trabalha do que mecanicamente.
Como fazer esta mágica? O presidente, auxiliado por RH, deve estabelecer um plano de ação para divulgação ampla dos valores da empresa. Neste plano deve ser garantida a clara e contínua comunicação transparente entre patrões e empregados, tendo o lucro como medida final, o método como caminho e o amor pela empresa e por tudo o que a cerca (patrimônio, cliente etc.) como base para as atitudes.
Em 1966, Paul McCartney e John Lennon compuseram a canção Money can’t buy me Love (O dinheiro não pode comprar-me amor), onde já imortalizaram musicalmente esta verdade. Se alguém que lê este texto achou o título babaca, piegas ou coisa que o valha, só tenho a lastimar. Lastimo que o sentimento mais poderoso da vida ainda não contribua para a riqueza das empresas e que os valores das companhias não sejam a referência da relação entre as organizações e os seus profissionais.
Paulo Ricardo Mubarack é Consultor de Gestão, Qualidade, Administração de Pessoas.