Não sei por que tanta gente sai da zona de conforto e adora ver o jogo da arquibancada.
Eu vou agora, experimentar esse prazer pela primeira vez. Quase sempre, nesses últimos 35 anos estive no jogo, ou melhor, no campo de jogo. Ora era o jogador, ora o técnico e ora o juiz.
Quando estava no campo de jogo eu ficava impressionado com a gritaria da galera da arquibancada.
Aquele ruído ensurdecedor que cantava hino de glória, mas por vezes ofendia jogadores, técnicos e juízes.
Tudo é motivo de crítica.
Qualquer coisa errada lá vem um palavrão, um xingamento e para o árbitro, sobram os piores.
Claro que durante o tempo do jogo, quando a jogada era correta e bonita e até o gol, os aplausos também aconteciam e acontecem. No entanto, mesmo quando a jogada era boa sempre tinha um grupo que criticava e dizia que faria melhor. Até o gol, a turma da arquibancada e do contra dizia:
– Foi gol, mas eu faria melhor.
Agora é minha vez de ir para a arquibancada e ver o jogo de outro ponto de vista, o dos torcedores criteriosos e críticos.
Quero ver de fora, quero sentir de perto essa coisa de só ver o defeito da jogada.
Quero ver de perto as falhas.
Quero de verdade, poder sentar ao lado de um monte de gente, não ter nenhuma camisa ou boné que me identifique como torcedor de um ou de outro time e analisar se eu fui melhor no jogo do que aquele que esta jogando.
Confesso, se isso acontecer, vou sentir vontade, veterano como sou, de entrar em campo novamente e mostrar que mesmo tendo passado a época, posso acertar um belo lance e fazer um belo gol.
Mas torço para que tudo dê certo e eu não saia mais da arquibancada. Melhor ainda se puder aplaudir belos gols.
Clóvis Volpi
Prefeito de Ribeirão Pires
2004-2012