Mulheres: o instinto maternal no trabalho voluntário

Pesquisa da Rede Brasil Voluntário, realizada pelo IBOPE Inteligência, mostrou que um em cada quatro brasileiros com mais de 16 anos – cerca de 35 milhões de pessoas – faz ou já fez algum trabalho voluntário. Dos que atualmente realizam alguma ação nesse sentido, 53% são mulheres e 47% homens, com uma média de idade de 39 anos. A sensibilidade e o instinto maternal, características predominantes na mulher, são alguns dos motivos que marcam a presença feminina no voluntariado.

Clélia: “Sensação de felicidade e dever cumprido é impagável”

Lygia Catarine Dias Bernardino, 26 anos, é uma dessas mulheres. Coordenadora de projetos sociais e Estudante de Educação Física, a jovem cresceu no meio do voluntariado, já que seu pai desenvolve trabalho social há mais de 30 anos, assim como sua mãe, que sempre a incentivou a participar dos projetos realizados por eles na Associação União Espírita Irmã Gezebel, em Ribeirão Pires. As primeiras ações que desempenhou foram feitas na adolescência, promovendo campanhas na escola e, mais tarde, nas empresas onde trabalhou.

Nessa atuação, Lygia conta que percebeu a extensão da carência do ser humano, não só daquele que recebe a ajuda, mas principalmente daquele que a oferece. “Vejo que hoje os voluntários têm mais necessidade do trabalho do que as pessoas que o recebem. É como se fosse uma válvula de escape, sabe?”.

A estudante atribui à maior presença feminina no voluntariado ao instinto maternal da mulher. “A mulher tem esse lance de cuidar, tomar para ela um problema que é do outro, de ajudar e de punir se for preciso; elas conseguem ser meigas e rígidas ao mesmo tempo. Não que os homens não tenham essa capacidade, mas os sentidos femininos são muito aguçados quando se trata de cuidar de alguém”, argumenta.

Clélia Adelina de F. Ribeiro Bernardo, 54 anos, dedica o voluntariado às mulheres, desde a década de 80. Hoje, ela faz parte da União Brasileira de Mulheres e é1ª secretária do Conselho Municipal da Condição Feminina de Ribeirão Pires. “A mulher, por sua condição de oprimida, é discriminada, e por este motivo, acho que ela é mais sensível às causas sociais e se doa mais”, avalia.

Lilian: “Ser voluntário é saber compartilhar o que temos de mais precioso: amor”

Já a gerente financeira Lilian Ferraz, 52 anos, volta o seu trabalho àqueles que estão em um quarto de hospital, muitas vezes sem perspectiva alguma; não pela enfermidade que possuem, mas por falta de carinho e atenção. E são essas coisas, além de muita alegria, que ela leva a dezenas de pessoas por meio da personagem Dra. Abelhinha.

Convidada a fazer uma visita à pacientes internados no Hospital São Paulo, Lilian foi com o filho Thiago à tradicional rua comercial, 25 de Março, para comprar alguns adereços. “Quando coloquei o chapéu de abelha na cabeça, meu filho falou: ‘Achou mãe, combinou perfeitamente… Você é rosinha como ela’, se referido à cor das bochechas”, conta Lilian, lembrando como nasceu a carismática figura.

Dali por diante, ela não parou mais e diversos hospitais e entidades recebem a alegre visita de Dra. Abelhinha. “Sempre falo que primeiro sou mãe do Thiago, depois o meu melhor é ser a Dra. Abelhinha”.

Significado

Quem recebe o apoio de um voluntário sabe que está ganhando alguma coisa, mas não imagina que quem está por trás desse ato, também tem um enorme ganho.

Lygia: “Um sorriso estampado no rosto de uma pessoa me mostra que nem tudo está perdido”

“Um sorriso estampado no rosto de uma pessoa que às vezes não tem nem o que comer em casa, me mostra que nem tudo está perdido. Se ela é capaz de sorrir, por que eu não seria?”, indaga Lygia.

“Ser voluntário é saber compartilhar o que temos de mais precioso: amor, felicidade, sabedoria, conhecimento, tempo e humildade. O voluntariado, então, pressupõe o compartilhar, e não o descartar as sobras do cotidiano”, fala Dra. Abelinha.

“Quando você faz alguma coisa baseada na solidariedade e fraternidade, não está simplesmente doando o seu tempo ao outro; está recebendo amor e afeto, está evoluindo e a sensação de felicidade e dever cumprido é impagável”, conclui Clélia.

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