Médicos iniciam greve após Prefeitura exigir ponto eletrônico e cortar gratificação indevida

A Prefeitura de Ribeirão Pires adotou uma postura austera contra um grupo de médicos “problemáticos”. O prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB) afirmou que, se necessário, deverá “enfrentar alguns médicos que não aceitam diálogo e estão levantando uma bandeira de interesses próprios”. No início desta semana, a Prefeitura foi informada de que os médicos que atendem na rede pública entraram em greve. Para o alcaide o motivo das reivindicações é a recente política do governo contra o que considera “pagamentos indevidos”, ou seja, as gratificações de 30% que os profissionais recebiam como incentivo de prestar um bom atendimento e manter a assiduidade. Saulo explicou que não é raro “muitos profissionais emitirem atestados, faltarem, dormirem durante o expediente” e mesmo “se ausentar quando deveriam estar atendendo”. Desde o dia 01 de novembro os médicos foram obrigados a utilizar a folha de ponto eletrônica com biometria e a gratificação foi suspensa. A Prefeitura alegou que pagar 30% aos médicos e não conceder o mesmo benefício a outros profissionais fere o princípio da isonomia. “Não podemos despender de tantos recursos enquanto vemos a fila de espera na emergência crescer dessa forma” afirmou Saulo. Segundo o presidente do Sindicado dos Médicos de Santo André e Região, Dr. Ari Wajsfeld, a greve será mantida e apenas atendimentos de emergência e urgência serão realizados. “A população e o prefeito foram avisado com antecedência; nós temos consciência de que se trata de um serviço essencial e por isso não cruzaremos totalmente os braços”, ressalta o presidente.

 

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O motivo da greve, de acordo com o médico, é para reivindicar por melhorias nas condições de trabalho. O Dr. Ari é contra a terceirização no quadro médico, hoje realidade em Ribeirão Pires. “Contratos com médicos foram quebrados e os serviços foram terceirizados para uma pessoa jurídica que nós nem ao menos sabemos quem é”, aponta o sindicalista. Os grevistas, até o momento, não apresentaram qualquer pauta de reivindicação formal à Prefeitura, no entanto, panfletos apócrifos foram distribuídos no interior da UPA alegando, entre outras coisas: precarização da estrutura; deficiência na segurança e laboratório; falta de medicamentos e materiais que são emprestados da UPA para o São Lucas e vice-versa. Procurada pela redação, a Prefeitura negou que existam tais problemas. Informalmente o prefeito deixa a entender que o real motivo da greve é o pacote de austeridade aplicado contra a categoria. O prefeito garantiu que o grupo grevista deverá ser substituído de imediato por outros médicos, e que processos administrativos serão abertos para apuração de possíveis irregularidades. Além disso, Saulo questionou a validade das reivindicações: “Eles vem reclamar só agora, depois de 20 meses de governo? Depois que elogiarem tanto nossa gestão a ponto de dizer que trabalhar em Ribeirão era melhor que trabalhar em hospital particular? Cortamos a gratificação porque entendemos ser um benefício ilegal”.

 

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