Maio Roxo: especialista destaca a importância do rápido diagnóstico no combate às doenças inflamatórias intestinais

Diretor da Federação Brasileira de Gastroenterologia alerta que preconceito contra a doença pode atrapalhar no diagnóstico

Maio é o mês do roxo, cor da campanha que visa alertar sobre as doenças inflamatórias intestinais (DIIs), que são crônicas e autoimunes. Estimativas apontam que um em cada mil brasileiros esteja com alguma DII, número que coloca esse grupo de enfermidades tão comum quanto a apendicite, por exemplo. Mas se há semelhança em número de casos, porque não temos tantos diagnósticos de Doença de Crohn, a mais frequente das DIIs? Para o diretor da Federação Brasileira de Gastroenterologia, Antônio Carlos Moraes, a resposta pode estar no preconceito dos pacientes com a própria doença. “O principal sintoma é a diarreia crônica, mas muitas pessoas não gostam de assumir que estão com esse problema; há uma vergonha em expor a situação, atrapalhando a velocidade do diagnóstico”, destaca o profissional, afirmando que essa rapidez é essencial para a retomada da vida do paciente.

Por se tratarem de doenças que atrapalham o enfermo devido aos seus sintomas limitantes – diarreia, dores abdominais, sangramento ao evacuar, febre, fadiga, falta de apetite, as DIIs devem começar a ser tratadas o quanto antes para que o paciente recupere sua rotina. Porém, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), 41% dos diagnosticados só descobrem a doença depois de um ano, enquanto 43% demoram pelo menos quatro consultas até terem o diagnóstico. Médicos e pacientes precisam trabalhar em conjunto para que esse tempo encurte, porque são meses em que o paciente pode ficar sem estudar, trabalhar, ter o seu lazer e se relacionar.

Dessa forma ,ter equipe médica treinada para identificar uma possível doença inflamatória intestinal e direcionar o paciente aos exames se faz essencial.“É muito raro um plantão em que você não tenha caso de apendicite. É um problema muito comum, pensado e diagnosticado com rapidez. Por outro lado, não vemos essa mesma velocidade nas doenças intestinais. Precisamos treinar as equipes para estarem alertas a essas doenças e saber identificar os sinais alarmantes, principalmente na presença de diarreia crônica, cólica abdominal e febre”, explica Antônio Carlos, que também é diretor do setor de Gastroenterologia da Rede D’Or.

Existem quatro teorias principais sobre o surgimento das DIIs: o exposoma, ou teoria da hiperhigienização – quando o meio ambiente foi se tornando mais limpo e diminuindo o número de doenças infectocontagiosas, as doenças autoimunes se multiplicaram; genoma, que relaciona essas doenças à carga genética do paciente; imunoma, a forma como cada indivíduo reage a um fator de agressão – uma gastrenterite, por exemplo, pode desenvolver uma doença inflamatória; e alterações na microbiota, conhecida como flora intestinal, a qual conhecemos menos de 10%. Mesmo de origem incerta, a garantia é que, uma vez desenvolvida, a doença inflamatória intestinal acompanhará o paciente durante toda a vida. Ainda segundo pesquisa da ABCD, 80% dos pacientes relatam que têm sua vida afetada mesmo em períodos de remissão da DII.

“No Maio Roxo, devemos alertar ainda mais sobre esse grupo de doenças, pois limitam muito a vida social e profissional dos pacientes. Precisamos acabar com o autopreconceito dos sintomas e da presença das DIIs, encurtando, assim, o tempo para diagnóstico e o início do tratamento”, finaliza o gastroenterologista.

Crédito: Assessoria de impressa Rede D’or

Dr. Antônio Carlos Moraes, diretor da Federação Brasileira de Gastroenterologia

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