Leishmaniose visceral – Um inimigo quase invisível

ELIANA MACIEL DE GÓES

MÉDICA VETERINÁRIA

CRMV 4534

Considerada como um grave problema da saúde pública, a Leishmaniose visceral preocupa cada vez mais as autoridades no assunto. Segundo dados do Ministério da Saúde, a doença está presente em 21 Estados e anualmente são registrados, em média, 3.357 casos humanos e 236 óbitos.

Transmissão da doença ocorre através do mosquito palha Mosquito palha transmite a doença

Até a década de 90, a região Nordeste era responsável por 90% dos casos, porém, de 2001 a 2008, as regiões Norte, Sudeste e Centro Oeste passaram a registrar mais de 52 % do total dos casos. Araçatuba foi a primeira cidade do Estado de São Paulo a registrar casos de Leishmaniose visceral em cães em 1998.

A região Sul, que até 2008 estava livre do problema, registrou casos humanos e em cães na cidade de São Borja do Sul (RS) no 1º semestre de 2009.

Os desmatamentos e processos migratórios somados ao crescimento desordenado têm sido apontados como os principais determinantes para expansão da Leishmaniose visceral no Brasil.

A transmissão ocorre através do mosquito palha (flebotomíneo) e é uma zoonose de difícil controle, sendo os cães domésticos os principais reservatórios do protozoário causador da doença (Leishmaniose chagasi).

O Ministério da Saúde recomenda a eutanásia dos cães soropositivos (em Araçatuba, a análise de 10 anos de Leishmaniose visceral demonstrou que a eutanásia de cães positivos diminuiu a incidência de LV no homem) e proíbe o tratamento dos mesmos com medicamentos utilizados em seres humanos devido risco de promover resistência (Portaria nº. 1.426 de 11/07/2008). Isto porque ainda não se comprovou totalmente que os cães tratados deixam de ser portadores e transmissores do protozoário e na dúvida do risco, permanece a obrigação constitucional de agir face à ameaça de danos irreversíveis à saúde.

Um método de prevenção para diminuir as chances de infecção nos animais é o uso da coleira impregnada com deltametrina, recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), devendo ser indicada por um médico veterinário.

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