Lair fala sobre avanços e necessidades dos portadores da Síndrome de Down

Na Semana Internacional da Síndrome de Down, o Mais Notícias entrevista uma das entendidas no assunto reabilitação de pessoas com deficiência: Lair Moura, superintendente da Apraespi (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência de Ribeirão Pires). Atuando na área há 50 anos, Lair elenca as principais conquistas e fala sobre os maiores desafios para o futuro.

Apraespi atende diversos pacientes com deficiência

Mais Notícias: Ao longo de seus 50 anos de atuação, o que você pôde perceber que mudou para melhor na vida das pessoas com deficiência?

Lair Moura: Algumas décadas atrás, era quase impossível ao jovem com deficiência atingir o mercado de trabalho. Na verdade, muitos destes a família sequer deixava sair de casa. O preconceito era uma barreira muito grande e a ausência de políticas públicas só piorava a situação. Foi graças ao nosso trabalho na Apraespi e na Federação das Apaes e o de outras instituições espalhadas pelo Brasil que essas pessoas têm conseguido seu espaço dentro da sociedade como qualquer outro cidadão. Por exemplo, apenas na Apraespi, mais de 1500 jovens com deficiência já foram inseridos no mercado profissional. Isso é uma grande conquista.

MN: O que ainda precisa ser melhorado?

LM: Nem sempre os governos cumprem seus deveres para com as pessoas com deficiência. Para eliminar o preconceito e integrá-los plenamente, é preciso que haja o financiamento para o atendimento dessas pessoas. A Apraespi e as escolas especiais filantrópicas sofreram quatro anos com o valor per capita do Fundeb congelado. Para os alunos da rede regular de ensino, o Governo de São Paulo pagava um valor e, para os alunos das escolas especiais, pagava outro bem menor. Agora muitas famílias estão sofrendo vendo os filhos sendo retirados das unidades especializadas e encaminhados, sem critérios e sem preparo, para a rede regular de ensino, que não tem a menor condição de recebê-los. É situação muito desfavorável. Só haverá inclusão verdadeira quando as pessoas com deficiência forem tratadas pelo Estado com igualdade e justiça. E, para isso, não basta dar-lhes vaga na classe, é preciso oferecer o que realmente precisam. A igualdade, nesse caso, é tratar desigualmente os desiguais.

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