O chumbinho é um produto clandestino, irregularmente utilizado como raticida. Não possui registro na Anvisa, nem em nenhum outro órgão de governo. É encontrado geralmente sob a forma de granulado cinza escuro ou grafite. Quadrilhas de contraventores, que adquirem o produto de forma criminosa (através de roubo de carga, contrabando a partir de países vizinhos ao Brasil ou desvio das lavouras), fracionam e/ou diluem e revendem no comércio informal. Algumas casas agrícolas irresponsáveis também comercializam ‘às escondidas’ este veneno, agindo igualmente de forma clandestina.
Trata-se de venenos agrícolas (agrotóxicos), de uso exclusivo na lavoura como inseticida, acaricida ou nematicida (mata insetos, ácaros e vermes), desviado do campo para os grandes centros para serem indevidamente utilizados como veneno de rato. Os agrotóxicos mais encontrados nos granulados tipo ‘chumbinho’ pertencem ao grupo químico dos carbamatos e organofosforados, como verificado a partir de análises efetuadas em diversas cidades do país segundo a Anvisa (agência nacional de vigilância sanitária).
O agrotóxico aldicarbe figura como o preferido pelos contraventores, encontrado em cerca de 50% dos ‘chumbinhos’ analisados. Outros agrotóxicos também encontrados em amostras analisadas de ‘chumbinho’ são o carbofurano (carbamato), terbufós (organofosforado), forato (organofosforado), monocrotofós (organofosforado) e metomil (carbamato). A escolha da substância varia de região para região do país.
A intoxicação ou ingestão errônea deste veneno por animais de companhia (cães e gatos) é bastante comum na clínica veterinária devido às armadilhas destinadas a ratos com uso deste veneno serem feitas com alimentos, atraindo o interesse dos pets gerando graves problemas de intoxicação, muitas vezes fatais dependendo da quantidade ingerida, peso do animal e se houver demora por socorro.
Esses venenos agrícolas possuem elevada toxicidade aguda, de forma que a morte do roedor ocorre poucos instantes após sua ingestão, o que dá a falsa impressão ao consumidor de que o produto é eficiente. Porém o chumbinho não eficaz pois as colônias de ratos tem uma hierarquia definida e normalmente o animal mais idoso ou doente é enviado para ‘provar’ o novo ‘alimento’. Como ele morre logo em seguida à ingestão, os demais ratos observam e fogem. Ou seja, o problema não foi resolvido, os roedores apenas passaram para a vizinhança e continuam circulando pela região.
Ao contrário, os raticidas legais, próprios para esse fim e com registro na Anvisa (denominados cumarínicos), agem como anti-coagulantes e a morte do animal é mais lenta, fazendo com que todos os ratos da colônia também ingiram o veneno, assim exterminando-os de forma mais eficiente, ainda que leve mais de tempo, apenas requerendo um pouco de paciência e disciplina por parte do usuário.
Em caso de intoxicação acidental, não tente fórmulas caseiras ou crendices populares. A melhor atitude a se tomar é buscar atendimento veterinário o mais rápido possível a fim de evitar óbito do animal.
Os principais sintomas da intoxicação estão relacionadas a superestimulação do sistema nervoso parassimpático, que são grupos de neurônios que regulam funções dos órgãos internos causando estados de hipersecreção glandular no trato gastrointestinal (sialorréia, vômitos, diarréia), incontinência urinária e fecal, broncoconstrição causando dispnéia (falha respiratória), redução da frequência cardíaca e hipotensão. Pode ser observado miose (constrição da pupila), sonolência, letargia, ataxia (paralisia) e convulsões nos casos mais severos.
As substâncias presentes no chumbinho (organofosforado e carbamato) são depressores do sistema nervoso e competem com os neurotransmissores convencionais (acetilcolina) alterando a função normal do organismo. Uma das formas de tratamento é através do uso de medicações antagonistas a estes depressores, que quando administradas rapidamente após a intoxicação e em doses altas competem com o chumbinho ocupando o sítio de ação no neurônio evitando que os tóxicos ajam viabilizando sua excreção antes de causar danos ao organismo do animal.
Caso presencie o momento da ingestão do veneno, pode ser administrado ainda em casa Carvão Ativado e induzir vômito até que possa chegar a uma clínica veterinária próxima. Se houver intoxicação via ocular ou dérmica (pele) o animal deve ser banhado em água corrente para evitar a absorção completa e procurar um médico veterinário o mais rápido possível.
Na clínica seu melhor amigo irá receber oxigênio, fluidoterapia, poderá ser feita lavagem gástrica e uso de medicações antagonistas e para controle das convulsões.
Não se esqueça, procure uma clínica veterinária o mais rápido possível para evitar completa absorção do veneno pelo organismo do animal e denuncie o uso deste tipo de veneno caso ocorra em sua região.
Colaboração: Lia Silva – estudante de veterinária, tosadora e proprietária de petshop.
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