Implantação de centro logístico é centro de discussões

A construção do Centro Logístico Campo Grande, no no entorno da Estação Campo Grande, no bairro Campo Grande, Santo André, tem gerado discussões e preocupação por parte de ambientalistas. O projeto está sob a responsabilidade da empresa Fazenda Campo Grande Logística e Participações e está orçado em R$ 780 mi. Sua localização é mais precisamente na Rodovia Antônio Adib Chammas, também conhecida como Rodovia Ribeirão Pires – Paranapiacaba.
O Centro será plataforma de uso logístico para recebimento e redistribuição de cargas, utilizando como meios de transporte a ferrovia e a rodovia adjacentes às áreas – um total de três glebas (terreno próprio para cultivo), as quais, segundo a empresa, terão apenas 20% de seus 468 hectares utilizados, sendo que os outros 80% devem ser totalmente preservados. “O projeto foi elaborado respeitando todas as características ambientais, tanto que o traçado definido resultou inferior ao potencial de ocupação das áreas”, afirma o sócio responsável da Fazenda Campo Grande, Jael Rawet.

Área possui 468 hectares, dos quais 20% devem ser utilizados

O empreendimento vai ligar o Porto de Santos e a macrometrópole do Estado, composta por Sorocaba, Santos, Campinas e São José dos Campos. “A família Rawet, proprietária da área há 74 anos, solicitou estudo para avaliar o que poderia ser feito na região, considerando as condições ambientais e de localização. Diante disso, optou-se por projeto que tem como prioridade o uso da ferrovia, que é vocação histórica da região. Os ingleses em 1867 já tinham visto, considerando que é um trecho retilíneo e plano, ideal para fazer a ligação da região portuária com o planalto, desafogando a malha rodoviária e incrementando o uso da ferrovia”, explica Jael acerca da ideia do projeto.
A empresa ainda afirma que as obras serão realizadas com tecnologia de baixo impacto.
Se a obra caminhar, após a instalação de platôs (que abrigarão instalações logísticas, como pátios e galpões), o Centro deve começar a operar em 2024, com a implantação dos primeiros módulos logísticos com empresas que se instalarão no empreendimento. Há, ainda segundo a empresa, previsão de criação de 85 empregos diretos durante o primeiro período de obras e de 1200 durante sua operação. Está prevista também infraestrutura de apoio – como sistema de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos e sistemas de drenagem de águas pluviais.
Atualmente, o projeto está em fase de licitação, não havendo a possibilidade de se divulgar empresas interessadas no empreendimento. “O estudo de viabilidade indica que o projeto trará benefícios para a região com dinamização da economia, aumento na arrecadação de impostos, transportes com custos mais acessíveis considerando o modal ferroviário, maior agilidade e diminuição da poluição e dos gargalos no modal rodoviário. E o mais importante, o projeto engloba a criação de reservas florestais com aproximadamente 4,8 km², sendo 3,7 km² dentro da propriedade e uma compensação externa com aproximadamente 1,10 km²”, conta o sócio da empresa.
Preocupação – Mas, mesmo com tais garantias da Fazenda Campo Grande, ambientalistas estão preocupados com o impacto da obra no meio-ambiente local, conforme diz José Soares da Silva, secretário-geral do MDV (Movimento em Defesa da Vida do ABC). “Temos debatido junto com os moradores locais o projeto que, em tese, não cabe mais naquela região, pois é área de proteção ambiental, patrimônio histórico, etc. É onde estão as principais nascentes das bacias da região. A remoção de 91 hectares de floresta, como é proposto, é preocupante. Vai afetar todo o processo climático da região, corpos d’água e abastecimento público. A ‘profecia’ de geração de emprego é miríade. O que está sendo proposto poderá ser gerado em 40 anos, é muito arriscado, melhor manter a floresta em pé, preservar a água e ganhar dinheiro com isso, transformando a área em reserva particular. Não estamos questionando o direito à propriedade, mas, sim, o uso dela.”
Jael Rawert, por sua vez, deixa claro que já se reuniu com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e que compreende tais preocupações. “Todos os impactos ambientais estão relacionados no EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) bem como as medidas de mitigação. Entendemos que algumas pessoas por desconhecerem a totalidade do projeto ainda estão com dúvidas. Por isso, nossa equipe composta por mais de 30 técnicos, que participaram da elaboração do EIA/RIMA, está à disposição para sanar qualquer dúvida e ouvir sugestões. Nossa proposta é sempre o diálogo, pautado pela transparência nas informações e respeitando a ética. Assim, nossa equipe de comunicação social está promovendo reuniões para a apresentação do projeto. Quem quiser enviar dúvidas, sugestões ou mesmo marcar uma reunião conosco pode acessar o site do projeto (http://www.campograndelog.com.br/contato.php). Já para o licenciamento ambiental do projeto, o EIA/RIMA já está sendo avaliado pela Cetesb.”
Cetesb – Em nota, a Cetesb afirmou ao Mais Notícias que, “no momento, o processo de licenciamento encontra-se em fase inicial de análise, portanto, não há ainda nada a divulgar.”

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