HPV: o que é e como prevenir

O Papilomavirus Humano (HPV), nome dado a um grupo que inclui mais de 100 tipos de vírus, se destaca como uma das doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) mais comuns no mundo. O Ministério da Saúde registra a cada ano 137 mil novos casos no país.

Uso da camisinha é a melhor maneira de prevenir-se contra o HPV e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis

O HPV é transmitido pelo contato genital com a pessoa infectada (incluindo sexo oral) e por via sanguínea, de mãe para filho na hora do parto. O compartilhamento de objetos de higiene pessoal também pode contribuir para a transmissão do vírus.

A única forma visível da doença provocada por esse microorganismo são verrugas, também conhecidas como “crista de galo”, que aparecem nas regiões genitais de homens e mulheres, porém, a ocorrência é mais comum no sexo feminino, entre 15 e 25 anos. “A maior incidência da doença é nas mulheres. Os números são atribuídos a não utilização do preservativo”, fala a Coordenadora do Ambulatório de Infectologia da Secretaria de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires, Nanci Garrido Butin. Ela completa dizendo que o número menor de registros entre pessoas do sexo masculino está relacionado à baixa procura dos homens por serviços de urologia, por fatores como o preconceito ou a falta de informação, diferentemente das mulheres, que procuram pelos serviços de saúde e se cuidam mais. Em Ribeirão Pires, no ano passado, foram registrados 38 casos de HPV no Ambulatório de Infectologia. Este ano, até o momento, são 23 casos, sendo grande parte em mulheres.

Estudos no mundo comprovam que 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, principalmente entre as mulheres mais jovens. Qualquer pessoa infectada com HPV desenvolve anticorpos (que poderão ser detectados no organismo), mas nem sempre estes são suficientemente competentes para eliminar os vírus.

O tratamento consiste na remoção das lesões por meio de remédios ou cirurgia.

Riscos – Nanci explica que alguns tipos de HPV estão relacionadas com câncer de útero, pênis e anus e é uma porta de entrada para o HIV. Estudo realizado pelo Instituto Ludwig de Pesquisas, um dos centros de excelência no assunto sobre o câncer de colo de útero, indicou que o HPV é o maior precursor desse problema de saúde na população feminina. Segundo as autoridades em saúde, cerca de nove a cada dez casos de câncer de útero tem ligação com a presença do vírus HPV no organismo. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam, para 2010, 18.430 novos casos de câncer do colo do útero. Em 2008, foram registradas 4.812 mortes em decorrência da doença.

Nancy alerta para outros riscos trazidos pelo HPV: “Na gravidez, a doença aumenta o risco de aborto e no parto pode haver contaminação das vias aéreas do bebê”.

Vacina – A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) licenciou, em agosto de 2006, a vacina quadrivalente recombinate (Gardasil) contra o Papilomavírus Humano tipos 6 e 11 (que causam verrugas), 16 e 18 (responsáveis por 70% das lesões graves), para prevenção de lesões cervicais e de lesões anogenitais relacionadas a estes tipos virais entre mulheres de 9 a 26 anos.

Tendo em vista o registro da vacina no Brasil, o Ministério da Saúde criou um Grupo de Trabalho específico, incluindo vários setores do próprio Ministério e da academia, para assessorar as decisões sobre a incorporação da vacina contra o HPV no SUS (Sistema Único de Saúde).

O GT elaborou, em maio de 2008, um parecer técnico ao Ministério da Saúde, considerando que ainda existem lacunas no conhecimento cientifico, relacionadas à imunidade conferida pela vacina; à não inclusão nos estudos apresentados de pacientes imunodeprimidos e gestantes; e à escassez de estudos sobre os subtipos circulantes no Brasil.

O parecer também ressalta que a vacina tem alto custo, sendo estimado em US$ 120,00 /dose, havendo necessidade de aplicação de três doses/pessoa. “A introdução da vacina na rede pública implicaria num impacto de R$ 1,857 bilhão, apenas para cobertura da faixa etária de 11 a 12 anos. Como comparação, ressalta-se que o orçamento do PNI (Programa Nacional de Imunização), globalmente reconhecido como um programa de excelência é de R$ 750 milhões/ano”.

O GT recomendou ao Ministério da Saúde a não incorporação, no momento, da vacina contra o HPV, como política de saúde pública. “Esta recomendação poderá ser revista a partir de novos subsídios conforme exposto”, concluiu o parecer.

“O melhor modo de prevenção é o uso da camisinha. Mulheres após a primeira relação também devem realizar o exame de Papanicolau uma vez ao ano”, finalizou Nanci.

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