O hipertireoidismo é uma enfermidade crônica causada pela excessiva produção e secreção dos hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3) pela glândula tireóide anormal.
É a endocrinopatia mais frequentemente diagnosticada em gatos e pode ser identificada com maior frequência e precocidade atualmente. Acomete gatos idosos a geriátricos, principalmente aqueles com idade igual ou superior a 12 anos.
Os sintomas clássicos de hipertireoidismo incluem perda de peso, taquicardia, hiperatividade, polifagia, poliúria e polidipsia. Causa distúrbios fisiológicos múltiplos, aumentando a taxa metabólica e o consumo de oxigênio.
Em mais de 98% dos casos a hiperplasia envolve um lobo da tireóide ou ambos é de caráter benigno sendo que a doença é tratável e a cura é efetiva.
A tireoide é uma glândula endócrina que no gato tem formato achatado e elipsoidal.
É um órgão bilobado porém a conexão entre os dois lobos da tireóide é inexistente nessa espécie. Está localizado na região primeiros cinco ou seis anéis traqueais (garganta) e medem em torno de 10 mm de comprimento, 4 mm de largura e 2 mm de espessura e não são palpáveis facilmente. O tecido tireoidiano acessório é muito comum no gato podendo explicar, pelo menos em parte, por que a maioria dos gatos é eventualmente capaz de manter concentrações circulantes normais dos hormônios da tireoide sem a necessidade de terapia de reposição, após remoção total do órgão cirurgicamente.
A produção dos hormônios tireoidianos ocorre dentro do lúmen da tireóide a partir da tireoglobulina, proteína precursora dos hormônios tireoidianos, e iodo, originando T3 e T4 que são secretados na circulação sanguínea.
O controle da secreção de hormônio tireoidiano ocorre por retroalimentação negativa, ou seja, a redução de sua concentração no sangue estimula produção e secreção que é estimulada pela adeno-hipófise (liberação de TSH) e por certos núcleos hipotalâmicos (liberação de TRH).
Os hormônios tireoidianos controlam a taxa metabólica corporal basal. Seu excesso aumenta a taxa metabólica e o consumo de oxigênio nos tecidos exercendo efeitos catabólicos sobre os músculos e o tecido adiposo. Também estimulam a síntese de células do sangue (eritropoiese) e regulam o metabolismo do colesterol.
A falta completa da secreção da tireóide em geral faz com que a taxa do metabolismo basal caia 40 a 50% abaixo do valor normal, e os excessos extremos de secreção da tireóide podem fazer que a taxa do metabolismo basal suba 60 a 100% acima do normal.
O hipertireoidismo gera subpopulação de células foliculares com grande potencial de crescimento que, eventualmente, passam a replicar-se mantendo seu crescimento e produção hormonal, mesmo na ausência de estimulação extra tireoidiana (TSH).
Nos seres humanos, a doença de Graves (hiperplasia difusa) e o bócio nodular tóxico (hiperplasia nodular focal ou múltipla) constituem as duas formas mais comuns de hipertireoidismo.
Estudos demonstraram redução da expressão de uma proteína (G) no tecido tireoidiano de gatos com a doença. Essa proteína está envolvida na inibição de vários processos de sinalização intracelular. Quando presente, ela inibe o crescimento e a diferenciação das células tireoidianas, e seu decréscimo implica redução do efeito inibitório, tornando-se uma das mais prováveis causas de hipertireoidismo felino.
Causa
Há maior risco em gatos que se alimentam quase exclusivamente de dietas úmidas e também naqueles que utilizam areia sanitária. Além disso, gatos que preferem sabores específicos de ração úmida (sabor peixe, fígado ou frango) parecem apresentar risco significativamente maior. Devido a essa relação com a dieta, diversos estudos tentam demonstrar o papel do iodo na causa ou progressão da doença.
A quantidade de iodo e selênio nas dietas comerciais para gatos é extremamente variável e geralmente quase 10 vezes maior que o nível recomendado, sugerindo-se que grandes variações na quantidade diária de iodo ingerido podem, de algum modo, cooperar para o desenvolvimento de doença tireóidea.
A maioria das rações comerciais contém altos níveis de componentes bociogênicos, substâncias adicionadas às embalagens plásticas da ração. Também certos medicamentos, como fenobarbital, bloqueadores do canal de cálcio, esteroides e retinóides, têm sido estudados no que se refere ao efeito bociogênico, cuja utilização pode ativamente resultar no acúmulo dos hormônios tireoidianos, favorecendo a ocorrência da doença no gato.
Sintomas
Na maioria dos gatos, a instalação do estado hipertireoideo é lenta e progressiva. Os tutores demoram a perceber a doença, pois os gatos mantêm um ótimo apetite e permanecem ativos para sua idade, até que a perda de peso se torne evidente ou até que outros sintomas que prejudiquem o estado geral do gato sejam identificados.
Os sintomas clássicos de hipertireoidismo incluem taquicardia, hiperatividade, perda de peso, aumento do apetite (polifagia), aumento na quantidade urina (poliúria), aumento na ingestão de água (polidipsia), diarreia, fraqueza muscular, produção de grande volume fecal, padrão respiratório ofegante, vômitos, crescimento rápido das unhas, falha de pêlos (alopecia) e flexão ventral de pescoço.
São geralmente animais inquietos, podem exibir expressão de ansiedade e agressividade tornando alguns de difícil manuseio.
Um comportamento que chama a atenção é a tolerância mínima desses animais diante de situações que provoquem tensão. Para alguns gatos hipertireoideos, a tensão de uma viagem de carro até a clínica ou hospital veterinário, juntamente com a contenção para o exame físico, pode resultar em marcante angústia respiratória e fraqueza, com o surgimento de arritmias cardíacas. Essa capacidade diminuída de lidar com a tensão precisa ser considerada ao planejar os procedimentos diagnósticos ou terapêuticos.
A elevação das concentrações circulantes de hormônios tireoidianos, afetam diretamente o sistema nervoso e por aumento da atividade adrenérgica, causa hiperatividade, intranquilidade e irritabilidade. A vocalização é frequente nesses animais.
A perda de peso e a polifagia devem-se ao aumento do gasto energético e do consumo de oxigênio, havendo perda de massa muscular. Alguns proprietários relatam que seus gatos roubam alimentos na cozinha e na mesa de jantar.
Ingestão alimentar excessiva e rápida, comum nesses animais, parece contribuir também para casos de regurgitação. É importante ressaltar que, em alguns gatos hipertireoideos com outras doenças concomitantes, a perda de peso geralmente é um sinal clínico comum, mas pode ser acompanhado de redução, e não aumento, do apetite.
As anormalidades no padrão respiratório provavelmente resultam de uma combinação de fraqueza muscular, intolerância ao calor e aumento da produção de dióxido de carbono. Alguns gatos com hipertireoidismo exibem dispneia, arquejamento ou hiperventilação em repouso.
Os hormônios tireoidianos regulam os processos metabólicos da produção de calor para o metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídios, ocorrendo aumento de apetite, perda de peso, depleção muscular, intolerância ao calor e temperatura corporal ligeiramente aumentada.
Diagnóstico
O diagnóstico de hipertireoidismo é feito com base no histórico, identificação dos sintomas, na avaliação clínica laboratorial e na exploração funcional dos lobos tireoidianos, por meio de testes específicos e palpação dos lobos tireoidianos.
Atualmente os médicos veterinários estão diagnosticando hipertireoidismo em um estágio inicial de sua ocorrência, mesmo antes que os donos dos animais percebam a enfermidade. Isso se deve, principalmente, ao programa preventivo de saúde para o gato idoso.
Esse programa tem sido recomendado pela Associação Americana de Clínicos Especialistas em Felinos e pela Academia de Medicina Felina e deve ser iniciado a partir da faixa etária de 7 a 11 anos de idade e continuar por todo o resto da vida do gato.
O aumento de um lobo da tireóide ou de ambos pode ser percebido no exame físico de até 95% dos gatos hipertireoideos, sendo um achado extremamente importante para o diagnóstico da doença. Em hipertireoideos que não for possível a palpação de lobos aumentados, deve-se sempre considerar a possibilidade de os lobos afetados terem migrado para dentro da cavidade torácica.
Exames
Dosagem de T4 por radioimunoensaio (apesar de não estar totalmente disponível no mercado). Podem ser feitos testes de supressão ou estimulação do hormônio tireoidiano (T3) que é indicado quando houver suspeita de hipertireoidismo e os níveis de T4 forem normais mesmo o animal apresentando sintomas e lobos tireoidianos palpáveis.
Deve-se coletar sangue do animal, fazer dosagem hormonal pré estimulação, aplicar a medicação que irá estimular ou suprimir a liberação hormonal, realizar coleta novamente em 1 ou 2 dias para observar os resultados. Caso haja alteração na concentração hormonal após uso da medicação, é sinal de que há disfunção glandular.
Tratamento
As opções de tratamento incluem administração oral crônica de um fármaco que iniba a produção hormonal, remoção cirúrgica da glândula (tireoidectomia) ou terapia radioativa com iodo. Cada uma das opções apresenta vantagens e desvantagens e diversos fatores devem ser avaliados na escolha da terapia mais apropriada. A tireoidectomia e o tratamento radioativo são os únicos métodos curativos.
Colaboração: Lia Silva – estudante de veterinária, tosadora e proprietária de petshop.
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