A higiene íntima feminina, apesar de bastante abordada nos dias de hoje, ainda deixa muitas mulheres em dúvida quanto à maneira adequada de ser feita e escolha de produtos mais indicados.
Segundo o Dr. Paulo César Giraldo, presidente da Comissão de Doenças Infecto-Contagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e Professor Titular de Ginecologia da UNICAMP, há uma série de orientações importantes sobre o tema, começando por esclarecer uma confusão muito comum com o termo “íntimo”.
Íntimo ≠ Interno – A mulher precisa conhecer a anatomia do próprio corpo e saber a diferença entre os genitais internos e externos. Entre a parte externa (vulva) e a interna (vagina) existe um compartimento chamado intermediário (intróito vulvar). “Muitas pensam que a palavra ‘íntimo’ está ligada ao interior do canal vaginal, enquanto que a higienização íntima deve ser realizada apenas no compartimento “externo” e no intróito vulvar, mas não no canal vaginal” explica dr. Giraldo.
Outra recomendação é promover a limpeza do local pelo menos duas vezes ao dia, removendo toda a secreção e transpiração da pele dos grandes lábios, dos pequenos lábios e do clitóris, não deixando de atingir as dobras e reentrâncias. Para isto, devem ser utilizados sabonetes líquidos ou em barra, dependendo da preferência.
“O tempo de higienização não deve ultrapassar dois a três minutos e a mulher deve secar cuidadosamente a pele da vulva, intróito vaginal e a região das dobras cutâneas”, informa.
O pH dos produtos – Dr. Giraldo ressalta que o mais importante a ser avaliado na escolha do produto é o seu pH, medida que indica se uma solução é ácida (menor que 7), neutra (igual a 7) ou alcalina (maior que 7). Este valor deve estar indicado em toda embalagem.
“O pH do sabonete deve ser próximo ao da pele da vulva, que é de 5,2 a 5,9. Assim, é sugestivo que a mulher opte por produtos de pH levemente ácidos, entre 5 e 6. Os sabonetes com número de pH elevado, entre 9 e 11, e com excesso de detergência, devem ser evitados”, orienta.
Os sabonetes líquidos são mais indicados que aqueles em barra, pois além de evitar a transmissão de bactérias pelo uso concomitante por outras pessoas, costumam ter menos produtos alergênicos em sua composição.
Riscos – O especialista deixa claro que a finalidade do sabonete é exclusivamente higienizar e não tratar quadros de corrimento ou de infecções (vulvovaginites). Quando houver uma situação de infecção ou de alergia, um médico deverá ser consultado para diagnosticar a causa e solucionar o problema.
O excesso de higienização, especialmente com produtos inadequados, também deve ser evitado, pois pode causar irritação nos genitais femininos.
“A irritação da pele e da mucosa genital pode ter causa alérgica ou inflamatória, favorecendo o ressecamento e fissuras. Inclusive, o desconforto gerado fatalmente interferirá no ato sexual. A coceira, inchaço e corrimento são outros sintomas característicos que podem acompanhar o quadro”, explica dr. Giraldo.
Outro ponto importante para o qual as mulheres devem estar atentas é a combinação das substâncias presentes no produto. As mulheres que já sofreram de quadros alérgicos ou sensíveis a uma série de produtos devem prestar atenção redobrada.
“A regra principal é não deixar de lado a higiene íntima, independentemente do produto escolhido, afinal, higiene genital é uma necessidade incontestável de toda mulher”.