Fundada em 1999, a Associação Viva Bem a Idade Que Tem cuida de 30 idosos com a ajuda da Prefeitura, da comunidade e de algumas famílias de moradores da casa. Três mulheres são as principais responsáveis por todos esses anos de trabalho. Eliamar Aparecida, Maria Aparecida e Elza Gordo, se conheceram em outro lar para idosos e se afastaram de lá para criar um novo espaço com outra proposta em que os mais experientes pudessem ser acolhidos.
“Começamos com a cara e a coragem, antes nós estávamos gatinhando, hoje nós estamos caminhando, lentamente, mas estamos”, disse Maria, que além de fundadora é enfermeira e presidente da casa.
A caminhada consiste em algumas conquistas, hoje a entidade possui carro próprio e pode assim levar os moradores para passeios frequentes que organizam, como teatros, desfiles e até idas à praia. As três fundadoras sabem a importância de ocupar a cabeça dos moradores e por isso, duas vezes por semana são feitas reuniões religiosas no espaço.
A casa é um lugar de constantes chegadas e partidas. A morte é um tema que evitam falar, embora esteja presente por vezes no ambiente. “Quando algum deles parte, evitamos comentar com os outros. Lógico que mais cedo ou mais tarde eles percebem, mas tentamos que ocorra da maneira mais natural possível com a ajuda da psicóloga do lar”, argumentou a enfermeira.
As festas são um recurso usado para levantar verba e melhorar a vida dos moradores. Nelas eles se divertem, dançam e riem como se fossem crianças. “Ai da gente se por um acaso não fizer alguma festa que prometeu, eles são exigentes e esperam pela data”, contou Elza, que além de fundadora também é coordenadora de projetos da associação.
Para ajudar a instituição, é só entrar em contato pelo telefone 11 4825-4336. “Qualquer contribuição é bem-vinda. As pessoas podem ajudar com alimentos, dinheiro e atenção. Eles precisam de alguém que queira ouvir as histórias deles”, comentou Maria.
Uma história de amor maduro
Narciso Ciosone, ex-jogador profissional do Santos, 84 anos, é um senhor alto e galanteador, que já era morador do Lar quando Emico Sato, 78, ex-costureira, pequena e doce chegou. Ele logo gostou do jeito dela e começou uma paquera. Ela não demorou muito e cedeu aos encantos dele. “Ele disse que não podia mais viver sem mim”, conta Emico que também ressaltou que logo eles começaram a namorar.
O relacionamento era muito evidente para todos e a organização da casa passou a conversar sobre uma possível privacidade para os pombinhos. Nasceu ali a ideia do casamento. “Só tivemos a preocupação em saber se poderíamos celebrar essa união. Mesmo que simbólica, gostaríamos de fazer tudo dentro da lei”, contou Elza.
Após constatar que a festa poderia ser organizada, o casal foi comunicado e passou a viver aquele sonho. Os familiares também abraçaram a causa e ajudaram nos preparativos.
A festa aconteceu no jardim do Lar e todos os moradores estavam vestidos com trajes finos para celebrar a união. A noiva entrou na igreja acompanhada de seu filho e com um sorriso estampado no rosto foi ao encontro de seu futuro esposo. Com o apoio geral, o enlace enfim aconteceu.
Após o casamento, todos foram para a praia de Mongaguá. “Não foi logo na sequência, mas consideramos esse passeio como uma lua-de-mel, pois foi à primeira viagem deles casados”, disse Elza.
Hoje o casal vive em um quarto separado na instituição e lá celebram o amor maduro que conquistaram. “No nosso quarto a gente conversa muito, mais que minha mulher, ela é minha amiga”, finalizou Narciso.