Grande ABC exportou US$ 750 milhões em produtos para os EUA no ano passado

Agência de Desenvolvimento apoia estudo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que revela que tarifas podem impactar economia regional

Em 2024, as exportações dos sete municípios do Grande ABC somaram US$ 5 bilhões, dos quais 13,4% tiveram como destino os Estados Unidos — percentual superior ao das importações provenientes daquele país, que ficaram em 11,2%. A região, que possui forte presença industrial e um relevante histórico de comércio com os EUA, exportou cerca de US$ 750 milhões para o mercado norte-americano, sendo 78% dessa pauta ligada à indústria metalúrgica — o que representa um montante em risco da ordem de US$ 600 milhões para a categoria. Os municípios responsáveis pelo saldo positivo na balança comercial foram São Bernardo do Campo, Ribeirão Pires e Diadema.

Os dados fazem parte da nota técnica As “Tarifas Brasileiras” de Trump: Possíveis impactos para o Grande ABC e a base do SMABC do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), produzida pela subseção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e apoiada institucionalmente pela Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC, que avalia os impactos da nova política tarifária anunciada pelo governo Trump — a qual elevará, a partir de agosto de 2025, a alíquota sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos para 50%.

Ainda segundo o estudo, em 2024 a região apresentou superávit comercial com os Estados Unidos de US$ 150 milhões — o maior saldo positivo no período analisado. As exportações do Grande ABC para os Estados Unidos, da ordem de US$ 750 milhões, representaram 2% das exportações brasileiras para aquele país, que somaram US$ 40 bilhões. A balança comercial da região com os EUA, que tem se mantido superavitária nos últimos três anos, pode sofrer impactos negativos com a nova tarifa.

Para o presidente da Agência, Aroaldo Silva, as tarifas podem impactar o emprego na região. “Se de fato o ABC não exportar os produtos e o volume que exportou ano passado, isso vai afetar a produção e, por consequência, os empregos. Um dado importante para ressaltar nessa discussão é que, dos 10 principais produtos que os Estados Unidos mandam para o Brasil, oito tem ex-tarifários, ou seja, já não pagam taxa de importação, e a média de taxa dos produtos americanos que entram no Brasil é 2,7%”, explica Silva.

“Estamos diante de uma ofensiva externa que ameaça diretamente a nossa indústria, os empregos do nosso povo e a soberania nacional. A guerra comercial iniciada pelo governo Trump não pode ser enfrentada com omissão. O Grande ABC, berço da luta operária e da produção de alto valor agregado, está na linha de frente desses impactos”, alerta o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.

As exportações de São Bernardo do Campo representaram 47,5% das exportações da região, com destaque para insumos industriais — principalmente produtos de cobre (barras, perfis, chapas, tubos), além de máquinas e aparelhos industriais. O município de Ribeirão Pires respondeu por 21,3% das exportações para os EUA e ocupa a segunda colocação no ranking de produtos exportados, devido à expressiva presença da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). Em 2024, a exportação de bombas, granadas e outras munições somou US$ 160 milhões.

Em relação às importações do Grande ABC oriundas dos Estados Unidos, os produtos que lideraram em 2024 foram principalmente derivados de celulose, com destaque para Santo André — terceiro município que mais importa produtos norte-americanos na região (21,1%). O principal município importador foi São Bernardo do Campo (26,4%), com produtos ligados à indústria automotiva, seguido por Mauá (22,6%), que se destaca pelas aquisições da indústria química.

A nota também destaca a atuação do governo brasileiro, por meio do Comitê Interministerial de Contramedidas e da Lei de Reciprocidade Econômica, além da reivindicação de participação da classe trabalhadora nesses fóruns.

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