É mais do que comum frequentarmos lugares que homenageiam pessoas sem que, de fato, tenhamos mais informações sobre o homenageado, já que ruas, viadutos e escolas, via de regra, prestam homenagem a alguém (geralmente morto) sem que seja imortalizada a história da pessoa.
Quem não conhece Felício Laurito pode ter uma agradável surpresa ao saber que foi uma das figuras mais importantes da história de nossa cidade e região. Filho da terra, nasceu a 06 de dezembro de 1895, em Ribeirão Pires, tendo morado no Núcleo Colonial, o primeiro bairro da cidade, localizado no Centro Alto.
Era um tempo em que a cidade não era desenvolvida e a paisagem era bucólica, com brejos e carroças em meio a casas simples, sem “luxos” como água encanada, esgoto ou luz elétrica. Os imigrantes tinham baixa alfabetização e muitos exerciam trabalhos braçais aprendidos no dia a dia. Felício foi diferente. Se dedicou aos estudos com objetivo de ter uma vida melhor.
Se formou em 1908, em um exame final que contou com outras figuras que marcaram história na cidade, como Antonio Menato, frente a políticos de renome na região, como Alfredo Luiz Fláquer, então prefeito de São Bernardo do Campo, cidade que era a “sede” de Ribeirão Pires, então um subdistrito. Formado, cursou o Ginásio em São Paulo e, mais tarde, se formou em medicina, voltando a cidade em 1926 e sendo o primeiro médico a estabelecer consultório na Pérola da Serra.
Já afeito a política, Laurito (que teve como rival na cidade o dentista Dr. Vergílio Golla) foi vereador entre 1928 e 1930 e prefeito nomeado de São Bernardo (ainda sede do distrito) em 1933, fato que causou euforia na cidade. Seu discurso de posse foi no Ribeirão Pires F.C, entidade que à época presidia. Sob aplausos, foi empossado e ficou no cargo por duas gestões, a primeira até 1936, quando renunciou para se candidatar a vereador, sendo renomeado e ficando até 1938 (ano em que a sede foi transferida para Santo André). Seu primeiro ato foi reabrir o escritório da Prefeitura em Ribeirão Pires, nomeando Fioravante Zampol como responsável.
Lá, deu os primeiros passos para urbanizar a cidade, sendo responsável pela criação da Praça da Matriz e o calçamento das ruas do Comércio, Capitão José Gallo, Jorge Tibiriçá, Comendador João Ugliengo, um trecho da Major Cardim e a Avenida Santo André. Trouxe a luz elétrica, o serviço telefônico e iniciou a construção do antigo Grupo Escolar de Ribeirão Pires (atual EE Ruth Neves Sant’Anna) que, coincidentemente, foi a primeira sede da escola que levava seu nome.
Paralelo a isso, também foi dono do Cine Lourdes, o segundo da cidade, trabalhou como clínico na Pirelli e na São Paulo Railway, compôs a diretoria do antigo Asilo Nerina Adelfa Ugliengo (atual ENAU) e se manteve presidente do Ribeirão Pires F.C. de 1927 até sua morte em 7 de dezembro de 1944, por afogamento, um dia após seu aniversário de 49 anos.
* Com colaboração de Marcílio Duarte e informações da Câmara Municipal e da Prefeitura de Santo André