Entra ano, sai ano e o problema permanece: um importante monumento histórico de Ribeirão Pires, a Fábrica de Sal, continua abandonado. Desta vez, como se não bastasse a invasão do espaço por parte de usuários de drogas, moradores de rua tem feito do local sua residência.
Interditada em 2009, o prédio Dom Helder Câmara, como foi batizado, sofre com a deterioração, seja causada pelo tempo ou pelo vandalismo. O local foi interditado após IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) emitir um laudo sobre o excesso de salinização (contaminação por sal de cozinha) do edifício. No início do ano passado, um jornal regional divulgou o aspecto da fábrica: “vidraças quebradas, janelas enferrujadas e banheiros abertos com uma infinidade de cápsulas de drogas e camisinhas, além de muita sujeira”. De lá para cá nada mudou, apenas piorou.
Em 21 de julho de 2011 a Prefeitura de Ribeirão Pires publicou, em seus atos oficiais, que a empresa Altamisa Engenharia e Comércio Ltda. estaria autorizada a iniciar os serviços de elaboração de projeto executivo para recuperação do edifício da antiga Fábrica de Sal. Segundo a Administração, o valor do projeto completo seria de R$ 99.700,00 e o prazo de conclusão dos serviços seria de 90 dias. Um ano e 120 dias depois nada foi feito.
A Prefeitura informou que o parecer técnico emitido pelo IPT concluiu que as paredes de alvenaria novas e antigas, bem como a chaminé, não apresentam danos estruturais ou problemas de instabilidade. “O prédio não está condenado à demolição, mas o relatório recomenda que só volte a ter uso público após efetuada uma ampla reforma no sistema de águas pluviais, drenagem, cobertura, esquadrias, elementos metálicos, revestimentos, estrutura metálica, pisos e caixa d’água para conter e posteriormente isolar os efeitos corrosivos do sal que levaram à deterioração das instalações”, divulgou em nota sem informar quando serão realizados os serviços essenciais de reparos.
Quando ao uso do local por moradores de rua e usuários de drogas, a Prefeitura ainda vai estudar alguma medida a ser tomada: “A Secretaria de Segurança Pública de Ribeirão Pires irá verificar as informações sobre a utilização indevida do espaço para definir as medidas que serão adotadas junto à Polícia Militar, se necessárias”. (grifo nosso)
O prédio – O edifício foi erguido em 1898 e, originalmente, serviria para moinho de trigo, mas, para este fim, foi utilizado por pouco tempo, até a instalação da Indústria e Comércio C. Cotelessa, última a ocupar o local, e que comercializava o sal ‘Rodolpho Valentino’. Em 2003, o prédio foi adquirido pela Municipalidade e recuperado. Porém, os efeitos da sanilização fizeram com que, em 2009, viesse a ser interditado, quando funcionavam no local a Secretaria de Educação e o Centro Educacional “Ibrahim Alves de Lima”.