Apraespi é um orgulho para a cidade de Ribeirão Pires e uma esperança para as famílias do Grande ABC
Se ser mãe já é uma grande missão, o desafio é ainda maior quando se é mãe de uma criança com deficiência. Só quem vivencia tal experiência pode relatar, com precisão, como é a vida repleta de obstáculos, mas cheia de esperanças de uma “mãe especial”. Na semana do Dia das Mães, o jornal “Mais Notícias” apresenta a história de três mães de alunos da Apraespi (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência): suas aflições, suas alegrias, as enormes dificuldades e os inesquecíveis exemplos de superação.
Graças a uma parceria estreita com a Prefeitura Municipal, um imenso apoio da Comunidade e os convênios, a Apraespi pode oferecer um atendimento de qualidade às pessoas com deficiências.
Rebeca Becker, mãe de três meninos com autismo
No centro de autismo da Apraespi, não faltam relatos de famílias que enfrentaram grandes dificuldades para criar seus filhos. É o caso de Rebeca Becker, mãe de três meninos com autismo. Os dois mais velhos já são alunos da Apraespi, enquanto o caçula ainda está em fase de avaliação.
“É uma longa história com muitas alegrias e tristezas, vitórias e derrotas. Vivemos um dia de cada vez, entre graus de autismos diferentes, rotinas e uma dose de cansaço. De fácil o autismo não tem nada, tem que ter muita força e muita garra para enfrentar todos os problemas que vêm após o diagnóstico fechado, os altos e baixos são frequentes em nossas vidas”, conta a mãe.
Felizmente, mesmo nos casos mais graves, é possível se desenvolver com o tratamento adequado. “Posso afirmar que todas as crianças e jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA) saíram da Apraespi melhores do que entraram. Com atendimento especializado, sempre é possível registrar avanços”, garante a coordenadora da unidade, Elisabete Fernandes.
Foi o que aconteceu com os filhos de Rebeca. Gabryel, o mais velho, levou seis anos para estabelecer o primeiro contato afetivo com os pais e hoje é considerado uma criança muito carinhosa. Raphael, o filho do meio, precisou de quatro anos para dizer as primeiras palavras. “Hoje, ele fala o dia todo e eu ainda me pego surpresa com tudo”, diz a mãe.
O caçula Miguel vai iniciar sua trajetória na Apraespi e a expectativa da família Becker é que o menino trilhe o mesmo caminho de evolução pelo qual passaram os dois irmãos. “A Apraespi nos transformou, tenho o costume de dizer que ali existem profissionais que são verdadeiros guerreiros, porque eles não mudam só a vidada criança, mas mudam a família inteira, trazendo um novo conceito de felicidade”, afirma Rebeca.
Orgulho em dobro
Os gêmeos Marcos e Maurício dos Santos são mais um exemplo de superação. Habilitados na Apraespi, os irmãos – com síndrome de Down – trabalham há 10 anos em uma indústria alimentícia da cidade. São o orgulho da mãe Rosa: “eu sou muito feliz e realizada pelos meus filhos. Hoje eles trabalham, têm seu próprio dinheiro, são independentes”. “Graças à Apraespi, posso ficar tranquila e saber que meus dois filhos podem viver bem sem mim”, desabafa.
Um dos segredos do sucesso de Marcos e Maurício é a linha de atuação multidisciplinar da Apraespi. “Acreditamos que só é possível habilitar pessoas com deficiência aliando educação de qualidade com um atendimento humanizado em saúde e assistência”, explica Lair Moura, responsável pela implantação do Copar (Centro Ocupacional e Profissionalizante “Adélia Redivo”), unidade que garantiu a formação profissional dos gêmeos e de mais 1200 jovens com deficiência, desde 1984.
Assim, além de preparar os jovens com deficiência para enfrentar o cada vez mais competitivo mercado de trabalho, o centro também auxilia na formação cultural e educacional. “Apraespi se tornou não só um formador de profissionais qualificados e independentes, mas um Centro que forma verdadeiros cidadãos”, afirma Leonice Moura, diretora técnica da Apraespi.
Recuperando a esperança
Quando chegou à Apraespi, com 10 meses de idade, a pequena Laurinha se alimentava através de sonda. A mãe, Luana Moreira, moradora de Ribeirão Pires, lutou muito para obter uma vaga para filha, que iniciou sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. “Antes de ela entrar para a Apraespi, por conta dos problemas de saúde, ela tinha ‘vício de posição’, se mantinha numa postura corporal inadequada. Era muito quietinha, muito tímida, não interagia bem”, conta.
Hoje, aos três anos, Laurinha se tornou uma nova menina, graças ao atendimento no Centro Especializado em Reabilitação. Ainda anda numa cadeira de rodas, mas já pode se locomover com uma independência que, antes de chegar à Apraespi, nunca teve igual.
“A evolução que a Laurinha teve é incrível, a fisioterapia ajudou muito. Ela se tornou uma menina muito esperta, interage mais conosco, é uma maravilha. Tem suas limitações, mas hoje, graças a Deus, minha filha é uma criança feliz”, finaliza, orgulhosa, a mãe Luana.