No último domingo, em uma caminhada pela cidade, tomando um refrigerante, fui abordado por uma figura sentada ao lado de um carrinho de reciclagem, olhando para o horizonte e com uma revista e um jornal na mão:
– Psiu! Ô rapaz!
– Olá, boa tarde.
– É você que é o Danilo?
– Sim, sou eu, e você?
– Sou eu, o Ribeiro.
– Ribeiro? A metralhadora giratória?
– Eu mesmo!
– Ô rapaz, que bom ver você. Pensei até que não existia…
– Ah, eu existo sim, mas não posso revelar minha identidade.
– Hum… pelo menos vi que a parte de puxar o carrinho é de verdade
– Pois é…
– Mas eu vejo que tem toda a coleção da Mais Conteúdo em mãos… e um Mais Notícias?
– É o que eu mais gosto de ler, rapá!
– Mas você não escreve naquele outro jornal?
– Só escrevo. Mas não leio…
– E você paga alguma coisa?
– Pagar? Eu? Não conheço esse verbo…
– Ah, entendi… mas porque você sempre fala do Gazeta?
– É que eu gosto de falar de coisas interessantes… senão ninguém lê a minha coluna
– Entendi! Mas e o azulzinho? Você não lê.
– Nada… de tragédia, basta minha vida
– Entendi. Mas porque você me chamou?
– É que eu quero seu refrigerante…
– Esse eu já tomei metade!
– Então me dá um real aê!
– Eu não tenho, não.
– Para de história, rapá! É 1º de abril!