O novo perfil dos vereadores recém-eleitos de Ribeirão Pires aparenta ter chegado para ficar. Diferente de situações anteriores, quando a Ordem do Dia ocupava a maior parte do tempo das discussões, a atual vereança se perde em pedidos de leitura de requerimento, chegando até a levantar discussões pessoais acaloradas durante o uso da tribuna, ignorando por completo os ditames do Regimento Interno da Casa.
Nesta semana, a princípio a leitura dos requerimentos expôs algumas preocupações relevantes, como a uma propositura da vereadora Cleo Meira (PTN) que solicita a implantação de programas de planejamento familiar em Ribeirão Pires. “O Município precisa fornecer meios para que as pessoas entendam a importância do planejamento”, comentou a vereadora. Já o edil José Maria Adriano (PMDB) atacou a localização da feira-livre de quarta-feira e domingo. “Onde já se viu uma feira-livre ocupando a única via expressa da cidade. Ela poderia ser realocada na rua ao lado da Rigras”, sugeriu. José Nelson de Barros (PSD) quer que os secretários municipais fiquem 24h por dia, incluindo finais de semana, com os celulares ligados, Renato Foresto (PT) sugere acompanhar a conclusão de obras cujo vencimento se aproxima, Anderson Benevides (PMN), por sua vez, pediu incentivos à arte graffiti.
Apesar disso, a falta de decoro tem atrapalhado o bom andamento dos trabalhos. A qualquer momento os vereadores interrompem uns aos outros, pedem apartes em horários proibidos e até levantam discussões pessoais em plenário, como aconteceu entre Foresto e Adriano, onde o petista silenciou o amigo de banca que tem o costume de falar ‘grandes discursos’ sempre que pede a palavra. “Palavra não se joga de forma irresponsável”, corrigiu Foresto ao cobrar Adriano sobre o uso do verbete ‘pelego’.
De acordo com o Regimento Interno da Casa é o presidente quem deve manter a ordem ao conceder ou negar a palavra aos vereadores não permitindo divagações ou apartes estranhos ao assunto em discussão. Durante o uso do “Tema Livre”, o regimento diz que “é vedada a cessão ou a reserva de tempo para o orador que ocupar a tribuna” (art. 95), ou seja, sequer existe aparte para que outro vereador use o tempo em conjunto com o atual solicitante da palavra. No restante da sessão, sempre que um aparte for solicitado, “não pode exceder de 01 (um) minuto” (art. 149), e deve limitar-se a matéria em debate.
Assim, em meio a inúmeras quebras de protocolo, as sessões da Câmara de Ribeirão Pires seguem pouco produtivas e enfadonhas para quem assiste, o que é um mau sinal, já que desde o início do ano, as sessões iniciam com o plenário lotado e encerram com o local quase vazio.