Educação Ribeirão Pires mantém curso de braile gratuito à distância

Na pandemia do coronavírus, aulas foram adaptadas para meios remotos de ensino e atendem 25 moradores, parte deles deficientes visuais

A suspensão de atividades presenciais para o controle do coronavírus não interrompeu importante ação inclusiva da Secretaria de Educação de Ribeirão Pires voltada aos deficientes visuais da cidade. Os professores do curso gratuito de braile da Prefeitura trocaram as salas de aula por atividades online, ministradas pelo WhatsApp e outras ferramentas digitais.

Para isso, adaptaram os recursos utilizados nos encontros presenciais e dobraram a dedicação para atender as necessidades individuais de aprendizado de 25 alunos de duas turmas, uma de deficientes visuais e outra de professores da rede municipal. As aulas deste ano foram retomadas no final de fevereiro.

Fernanda Isidio Tomon, 37 anos, tem baixa visão no olho direito e nenhuma visão no esquerdo. A moradora, que até poucos anos trabalhava como professora de desenvolvimento infantil, buscou neste ano o curso de braile como alternativa aos problemas que passou a enfrentar recentemente a visão.

“Decidi fazer (o curso) porque minha visão está bem ruim e para me ajudar no dia a dia, para eu me tornar uma pessoa mais independente. Poder ir no mercado e ler o produto. Poder ler livros. Para interagir mais e ter mais liberdade. Não depender tanto das outras pessoas”, explicou.

A primeira aula de Fernanda foi realizada presencialmente para que ela conhecesse as ferramentas utilizadas na escrita braile, como a reglete. A aluna foi recebida pelos professores da Prefeitura, José Nilton Barbosa Meira, que é deficiente visual, e Camila Cristine de Lima.

“Essa é uma nova etapa e é necessário um período para adaptação. As vezes a gente não aprende por super proteção, mas com o apoio de pessoas da família, por exemplo, é possível aprender e ter uma vida normal”, disse José Nilton.

Nas aulas remotas, os alunos recebem mensagens de áudio com a proposta de conteúdo para a escrita e para leitura. As atividades são devolvidas para correção e orientações dos professores.

André dos Santos, 19 anos, tem baixa visão desde que nasceu e só enxerga de perto. Há 3 anos iniciou o curso de braile, quando estava no ensino médio. “Eu só entendo letra cursiva grande e escrevo grande. Antes eu tinha uma vida normal, mas um professor me falara para estudar braile, para ter mais autonomia. Eu já sei o alfabeto e numerais. Comecei a aprender a ler um pouco antes da pandemia”, contou.

“Nesse momento de pandemia é de suma importância a adaptação das atividades promovidas em nossa rede de ensino. Os professores do curso de braile e todos os profissionais envolvidos não medem esforços para atender os alunos com qualidade e toda a atenção necessária. Agradecemos pelo empenho e seguimos trabalhando por avanços e pela inclusão na Educação”, declarou a secretária Rosi Ribeiro de Marco.

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