Estamos às vésperas da eleição. Hoje, candidatos de todas as matizes aparecem na propaganda gratuita com uma série de garantias, mas é certo que se um centésimo das promessas fosse, de fato, cumprido, já teríamos um Brasil de primeiro mundo.
Precisamos ter claro o que exigiremos do novo (a) presidente em áreas sociais, como a educação e a saúde. Somente assim será mais fácil cobrar, fiscalizar e nos mobilizar pela consolidação de nossos anseios.
Na educação, é inadiável, por exemplo, frear a criação indiscriminada de faculdades de medicina. Simultaneamente, o governo deve fazer rigorosa fiscalização nas que estão em funcionamento, fechando as que não oferecem formação adequada.
Também precisamos analisar de forma crítica o ProUni, impedindo que se perpetuem escolas ruins em detrimento do aprendizado. Outra prioridade é o estabelecimento do critério adequado de cotas, para evitar as distorções existentes hoje. Não podemos deixar de considerar, ainda, o Enem, que é uma proposta bastante importante, mas que se tornou caótica em vista da incompetência administrativa.
O curso médico deve ter como sua principal vertente formar médicos com ensino baseado na comunidade. Para tanto, faz-se imperioso que a academia seja consultada para elaboração de currículos de qualidade. Não podemos admitir que seja verdadeira a frase “formar médicos para o Sistema Único de Saúde (SUS)”. Essa intelectualidade delirante visa, em última análise, a criação de mão de obra barata, caracterizando, mais uma vez, a incompetência na elaboração de uma política de saúde que valorize a residência médica por ser a melhor forma de treinamento após a graduação. Porém, a busca pela excelência não pode “tapar buraco” na incompetência dos órgãos governamentais.
Não se pode falar em AMAS e Policlínicas – atendimento especializado – sem antes tornar o SUS eficiente.
Temos de afastar das instâncias decisórias, da educação e da saúde, os bacharéis em medicina que, desde muito, deixaram de ser médicos de verdade. Os critérios para ocupação de cargos públicos devem contemplar o mérito, não questões ideológicas, ou políticas partidárias.
Posto tudo isso, almejamos que o novo (a) presidente salve o SUS. Se conseguir fazer com que o Sistema Único de Saúde cumpra todas as propostas desenhadas no escopo de sua criação – equidade, universalidade e integralidade – ofereceremos aos brasileiros uma assistência eficiente, eficaz, de qualidade.
São esses, portanto, os desafios colocados. Se superados, como esperamos, poderemos em eleição futura repetir o voto, pois teremos a certeza de que o Brasil tem um (a) estadista para dirigi-lo.
Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica