Por Izabel Ferré
Educar é um trabalho árduo e feito para poucos. Não é de hoje que se sabe que a educação no País precisa e grita por ajuda. Refletindo sobre o assunto, eu gostaria de relatar uma conversa entre três educadoras de uma escola da cidade de Ribeirão Pires.
Era hora do almoço, e as educadoras aproveitam para colocar o papo em dia. O assunto era a situação atual do ensino. Uma delas contou que um de seus alunos estava furtando outros colegas da sala de aula: “Perguntei de quem era aqueles objetos, o aluno nada falou, perguntei por que roubava e também não obtive resposta. Tentei conversar, e explicar, mas o que me deixa mais triste é que eu sei que não poderei contar com a família do estudante e nem com a direção da escola”.
Em seguida, a outra professora disse: “Não sei por que o espanto. Não é de hoje que sabemos sobre a nossa situação e dos alunos. Não somos respeitadas em sala de aula, temos que aguentar os pais que reclamam até das lições de casa, ou aqueles que pensam que a professora também é mãe e pai da criança, deixando sob nossa responsabilidade educar, ensinar e encaminhar os alunos para a sociedade. E os alunos, que cada vez parecem abandonados pelo sistema? E a direção que se preocupa em apenas aprovar os estudantes?”.
Por fim, concluíram: “Mesmo sem suporte e infraestrutura, o que nos resta é continuar com as aulas em duas ou três escolas. Eu digo por mim, eu não vou me importar com cara feia de aluno, pais ou direção porque apesar de tudo, eu amo o que faço”.
Quantos outros professores, assim como elas, também sofrem? As reclamações são muitas, mas o que assusta é que a cada ano que passa, parece que continuamos na mesma situação. De fato, tivemos algumas melhoras com o decorrer dos anos, a prova foi a avaliação realizada pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que divulgou os dados referentes ao ano passado, revelando a média nacional que ficou em cinco. A nota é apenas 0,4 ponto maior do que a atingida pelo Brasil em 2009.
Naquele ano, o País já havia garantido o cumprimento da meta prevista para 2011, nota 4,6. Também nesta etapa, todos os Estados chegaram às suas próprias metas. E, embora o Norte e Nordeste ainda não estejam dentro da média nacional, conseguiram evoluir. Piauí e Ceará se destacaram, superando as próprias metas em 0,8 e 0,9 ponto, respectivamente.
Os valores apontam melhora, mas o sentimento de falha continua. A prova é a falta de professores qualificados e uma base sólida que garanta às crianças o acesso ao ensino. Diante disso, faço uma ponte para os acontecimentos recentes, os protestos que tomaram conta do País e hoje reforçam que mudanças devem ser feitas urgentemente e que somos muito mais que futebol e carnaval. Podemos e devemos pensar nisso.